SUNFLOWERS – Castle Spell (2018)


“Disco flerta com o garage rock e outros gêneros numa energia ímpar”

Por acaso chegar ao final de um disco e não entendê-lo por completo, ou então, não chegar a uma conclusão precisa sobre ele, nos dias atuais pode ser uma dádiva. Muitos abandonariam. Mas é preciso lembrar que você passou pela audição das faixas sem ao menos pular alguma, tentando encontrar sempre uma surpresa a cada minuto que surgisse. Claro que todo o conteúdo da obra sempre esteve na sua biblioteca musical, você só não consegue coordenar as ideias ou mesmo entender onde o grupo pretende chegar, quais suas reais influências e talvez nem tenham pretensão de serem hypados, querem mesmo seguir a conduta do famigerado DIY (Do It Yourself/Faça você mesmo) e, como diria um amigo meu: “não estamos nem aí se vamos fazer sucesso ou não, queremos é ter uma banda e tocar”. Os portugueses, da cidade do Porto, do Sunflowers é que são os responsáveis por esse sentimento imediato e relacionado anteriormente.

O primeiro pensamento desse disco é criar uma produção onde a energia e o espírito juvenil ficassem à tona, pulsantes.

E mesmo em 2018, com tecnologia abundante, ele faz o ouvinte pensar numa produção crua, sem muitos caprichos (tudo de propósito). Os lusitanos parecem emular o punk rock californiano, sobretudo ali nos final dos 70’s (temos essa percepção). Contudo, basta pegar as três primeiras canções e perceber como os gêneros podem mudar. Enquanto ‘The Siren’ se concentra exatamente na raiz do punk rock com sua energia e arranjo cru, “Castle Spell” remete a um B-52’s mais insano, com o dobro da velocidade ou então numa versão menos New Wave e mais punk (a mesma sensação acontece na faixa “A Spasmastic Milkshake”). Carlos de Jesus (guitarrista) e Caroline Brandão (baterista) fazem um belo dueto nos vocais. Por sua vez, “The Maze (Act 1-2)” parece se inebriar no Blues e, dessa forma, criar uma amplitude musical maior no disco, e canções que também se preocupam mais com outros gêneros.

Achando pouco? O início de “Signal Hill” parece que vai nos levar a algo do Ramones. Mesma levada, refrão grudento, soco no estômago repentino. “Sleepy Sun” é a que soa mais pop-rock do álbum. Havia citado o punk californiano, é comum lembrar de algumas bandas como Germs e Black Flag, entretanto, em “Surfin’ With The Phantom” fica transparente a influência de Dead Kennedys. A canção é um petardo sonoro, com direito a um duelo de bateria e guitarra nos instantes finais. “Grieving Tomb” mostra mais uma estripulia do grupo, nesta vez delirando na psicodelia 70’s.

No início do ano, “Castle Spell” é uma boa surpresa. Nada de novo no front, porém tudo bem aproveitado e encaixado num disco enérgico e que com certeza deve frequentar muitas baladas nesse verão calorento. Pegue sua calça rasgada, abra sua cerveja, chame os amigos e volte no tempo sem medo de ser feliz.

:: NOTA: 7,5:

 

:: FAIXAS:
01 – The Siren
02 – Castle Spell
03 – The Maze (Act 1-2)
04 – Signal Hill
05 – Sleepy Sun
06 – Monomania
07 – Surfin’ With The Phantom
08 – Grieving Tomb
09 – A Spasmastic Milkshake
10 – We Have Always Lived In The Palace

 

 

:: Mais Informações: Bandcamp Facebook Gravadora

:: Assista abaixo ao vídeo de “Castle Spell”:

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