AVES DE RAPINA: ARLEQUINA E SUA EMANCIPAÇÃO FANTABULOSA (Birds of Prey, 2020)


Foto de Margot Robbie no filme Arlequina (2020)

“Com censura alta e trama boba, filme se perde ao não saber definir qual o seu público alvo”

Quando Arlequina, personagem vivida pela ótima atriz Margot Robbie, se revelou uma das melhores coisas no irregular Esquadrão Suicida (2016), já era esperado que a DC tentasse aproveitar a carismática namorada do Coringa em outra produção.

O problema é que o Coringa retratado em Esquadrão Suicida pelo ator Jared Leto sofreu uma enorme rejeição do público por inúmeras razões justificáveis. Então, nada mais natural que Aves de Rapina deixe claro, até mesmo em seu enorme título, que a personagem se emancipou, ou seja, se afastou do Coringa, deixou de ser dependente dele.

Longe da proteção de seu ex, Arlequina vira alvo dos inúmeros desafetos que fez ao longo da sua vida de crimes e entre uma fuga e outra, sequestra uma menor infratora que pode estar com um diamante extremamente valioso.

O roteiro bobinho, ainda acha tempo para apresentar e estabelecer a relação entre Arlequina e outras três mulheres que também buscam emancipação: uma policial cansada de ver seus colegas homens levarem os créditos por ela, uma cantora cansada de ser abusada por homens imbecis nas boates nas quais se apresenta e uma misteriosa assassina cansada de levar o fardo da violência que sofreu na infância por homens. Tentando sobreviver, formam uma espécie de grupo de resistência, supostamente chamado de Aves de Rapina.

A excelente mensagem de cunho feminista que permeia a trama acaba sendo uma das melhores características do filme, ao lado da atuação primorosa e ameaçadora do Crhis Messina, interpretando o braço direito do vilão, Mascara Negra. A inexpressiva diretora Cathy Yan não soube ou não pôde estabelecer o tom homogêneo que o filme pedia e acabou atirando para todos os lados.

O fato é que havia uma pressão para que o filme agradasse a uma audiência mais adulta por conta do estrondoso sucesso de público e crítica que o filme Coringa (2019) alcançou. Então a equipe de Aves de Rapina enfrentou a árdua tarefa de continuar o universo caricato estabelecido em Esquadrão Suicida, porém inserindo elementos típicos de filme para adultos como palavrões, consumo de drogas e violência.

É exatamente daí que vem toda a estranheza desta produção. Um filme que não soube aproveitar sua censura alta e apenas brinca de arriscar quando poderia ir bem mais além. As sequencias mais subversivas ficam perdidas entre típicas sequências inofensivas.

A violência, apesar de estar presente, nunca choca. O consumo de drogas vira piada irresponsável em uma cena de luta. Os atos mais brutais nunca têm consequências mais realistas. A sensação é a de estarmos diante de um filme do Tarantino com censura livre misturado com um filme da Disney com censura alta.

Apesar do ótimo ritmo, da mensagem de empoderamento feminino, de algumas piadas e atuações excelentes, Aves de Rapina se perde em meio as inúmeras intenções altamente discrepantes que busca abraçar.

NOTA: 6,0


NOTA DOS REDATORES:

EDUARDO SALVALAIO: –
ISAAC LIMA: –
LUCIANO FERREIRA: –
MARCELLO ALMEIDA: –

MÉDIA: 6,0


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:: FICHA TÉCNICA::

Gênero: Ação, Aventura, Crime
Duração: 1h49min
Direção: Cathy Yan
Roteiro: Christina Hodson, Paul Dini, Bruce Timm
Elenco:  Margot Robbie, Rosie Perez, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Ewan McGregor, Chris Messina e outros.
Data de Lançamento: 06 de fevereiro de 2020
Censura: 16 anos
IMDB: Birds of Prey
ROTTEN TOMATOES: Birds Of Prey

 


:: Assista ao trailer:


 

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