Segunda temporada de ‘O Exorcista’ mantém ritmo e adiciona novos conceitos


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A primeira temporada da série “O Exorcista” conseguiu manter o nível ao longo dos seus dez episódios, com a expansão do universo apresentado no filme de 1973, adicionando novos personagens e novos conceitos. Foi uma das gratas surpresas de 2016. Com um final satisfatório, fechou um arco que tinha ligações com o filme original. Ainda assim, dúvidas foram suscitadas sobre qual seria o rumo da série. A trama tratou de mostrar os padres Marcus Keane e Tomas Ortega com contornos de soldados em uma batalha sem fim. Relegados pela igreja, aprendiz e o mestre seguem suas vidas praticando o que acham certo.

A segunda temporada tem início após os eventos diretos da primeira. Padre Tomas está sob a tutela do padre Marcus, e como toda relação entre mestre e aluno, quando bem trabalhada, tem muito potencial para ser explorado, ganhando aqui contornos interessantes. Marcus a cada dia que passa dá sinais de não mais acreditar nos desígnios do Criador, tendo a cada episódio sua fé testada. No entanto, Tomas vai sendo tomado por uma vaidade que não condiz com o caminho de aprendizado que se dispôs a seguir. A todo momento ocorre um embate entre as duas personalidades, um que não mais acredita no caminho que escolheu seguir e o outro, por ter fé demais, acaba se cometendo um dos grandes pecados capitais.

Apresentando novas personagens e um novo arco dramático, a serie toma mais uma decisão acertada, a de não centrar em um inimigo por episódio, e sim uma temporada toda focada em uma família com problemas longe de sua compreensão. Os padres Tomas e Marcus são levados até Andrew Kim (John Cho), um ex-psicólogo infantil que dirige uma casa de crianças adolescentes, em uma isolada ilha privada de frente para a costa de Seattle. Quando uma das crianças sob o cuidado de Andrew é atacada por uma força poderosa, os padres se dirigem até o oeste, colocando-os novamente em urota de colisão com o inferno. Cruzando o Atlântico, o Padre Bennett (Kurt Egyiawan) tenta se desvencilhar daqueles que dentro do Vaticano se voltaram contra Deus.

John Cho aparece como o patriarca da família, que após a morte de sua esposa tenta conduzir a casa com a mesma perseverança que sua falecida esposa tinha no tratamento dos seus filhos adotivos. Dentre os filhos, o religioso Shelby (Alex Barima) – um dos primeiros a notar algo estranho no local -, o deficiente visual Caleb (Hunter Dillon), o grande Truck (Cyrus Arnold), a problemática Grace (Amélie Eve), que veste uma máscara para se esconder do lado exterior. Mas quem se destaca é Verity, com uma personalidade muito forte, com um passado doloroso que acaba sendo o fio condutor da narrativa da família, interpretada por Brianna Hildebrand, sempre interessante em todos os momentos que aparece em cena. Tem papel importante no arco dessa família a assistente social Rose vivida por Li Jun Li, que nunca deixou transparecer, mas era uma antiga paixão de Andrew.

Nessa temporada, o que se apresentou como o início de uma conspiração dentro da própria igreja, toma contornos ainda maiores, já que o padre Bennet toma consciência disto e busca ir ao encontro dos dois padres exorcistas. Nessa empreitada, ele conhece Mouse (Zuleikha Robinson), uma mulher de passado sombrio e que conhece o padre Marcus de anos passados. Conceitos já utilizados na temporada anterior são utilizados inteligentemente aqui, como o da integração, quando o possuidor e o possuído formam uma única “entidade”. Nessa temporada igreja é também mostrada como um inimigo implacável que também deve ser combatido.

Outro ponto de destaque é que a temporada consegue ser assustadora sem a necessidade de sustos fáceis.

O terror é muito mais sugerido do que apresentado, vide que os grandes filmes de terror sempre prezaram pela sugestão, pelo psicológico. Grande parte das cenas de exorcismo se passa na mente do exorcizado, dando uma ênfase interessante não presente no filme original, e que tinha sido introduzida de forma sucinta na temporada anterior.

O clima de medo permeia todos os 10 episódios, muitas vezes os diálogos transparecem o terror.

O ator Ben Daniels, novamente, compõe o padre Marcus como uma pessoa que passou por muitas adversidades na vida, carregando um peso enorme em suas costas enrijecidas pela vida, tentando esconder um eu ferido e sensível. Já o padre Tomas (Alfonso Herrera), se mostra o oposto de seu mestre. Com sua jovialidade, tenta abraçar uma luta que não pode vencer sozinho, e pela sua própria vaidade não consegue enxergar que o caminho do exorcismo é longo e de muito aprendizado. Do restante do elenco, destaca-se Verity vivida pela atriz Brianna Hildebrand, que interpreta uma adolescente que passou por muitos traumas apesar da pouca idade, chegando a lembrar em alguns momentos a personalidade do padre Marcus.

+++ Leia a crítica da 1ª Temporada de Exorcista, da Fox

A segunda temporada da série “O Exorcista” consegue apresentar-se como uma série de terror nos moldes dos bons filmes do gênero, apresentando um final satisfatório e que agradará aos fãs da franquia.


FICHA TÉCNICA:

Emissora (EUA): Fox
Temporadas: 2 (série em andamento)
Episódios totais: 10 (cada um com um tempo entre 48 a 52 minutos aproximadamente)
Criador: Jeremy Slater
Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Kurt Egyiawan, Hannah Kasulka, Li Jun Li, Brianna Hildebrand, Alan Ruck, John Cho, Alex Barima, Hunter Dillon, Cyrus Arnold, Zuleikha Robinson, Kirsten Fitzgerald, Amélie Eve, Alicia Witt
Temáticas: Drama, Terror, Thriller
IMDB: The Exorcist

 

 


 

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