“Reciclagem bem aproveitada da sonoridade atual resulta num disco com altos e baixos”
Início de ano, redes sociais e internautas ainda anestesiados pelo ano que passou, sobretudo quando ele é tão conturbado quanto foi 2017. Muitos ainda conferindo listas, colocando na agenda o que não escutou ou assistiu, ou então, muitos querem se desligar da tecnologia e sair em viagem num clima de verão sem saber do que acontece no mundo virtual. Por conta disso, alguns lançamentos musicais podem passar despercebidos ou só serem descobertos mais tarde, às vezes nem isso.
O grupo americano Author (Minneapolis) lança logo no primeiro dia do ano seu segundo trabalho. O primeiro chama-se ‘Of Brighter Days’ e é de 2015. Mais um disco com sigla (ao menos assim é encontrado na maioria dos sites), porém olhando atentamente a capa vemos que a sigla serve para ‘Is It Far Or Is It Close’ (título da terceira faixa). Fui descobrir bem depois porque não havia ampliado a capa, mas vale a informação. A capa também desperta a atenção, sobretudo para quem gosta de arte envolvendo letras ou tipografia. Mas, embalagem do disco e arte gráfica à parte, e o conteúdo dele?
Seguindo o padrão da maioria dos grupos atuais, não há novidade no som dos americanos. As dez faixas acabam pegando emprestado muito do que ouvimos. IIFOIIC é aquele álbum comum, sem estardalhaço, entretanto que não pode ser desconsiderado como um todo.
Infelizmente algumas canções funcionam bem, outras demonstram que um melhor capricho seria o ideal. Quando o grupo engloba mais instrumentos como pianos e sintetizadores, a fórmula soa melhor. E exatamente nas duas últimas faixas do disco que isso fica provado. ‘What Is Real’ que vai crescendo aos poucos, envolvendo com vocais em falseto, pianos e uma percussão bem executada. ‘Lost, Nothing To Hide’, com seus 7 minutos, tem um contorno bem pop-rock grudento e que irrompe com guitarras furiosas nos instantes finais. Novamente a percussão é magnífica.
A busca pela mistura do eletrônico em junção com o orgânico também é constante. ‘Soft White’ (preciso dizer da percussão pela terceira vez?) e ‘How Can I Know’ funcionam bem neste caso. Partindo para o lado negativo, que nunca pretendíamos relatar, entretanto precisamos fazer, há alguns momentos que não fariam falta. ‘Calm And Clear’ é um rock simples, sem atrativos. ‘Sonder’ tenta lembrar algo de ‘Wild Beasts’, porém sem aquela mágica dos coros vocais. ‘How To Feel’ surge mais como uma espécie de vinheta e poderia ser descartada uma vez que foge da ideia do álbum.
Author é o grupo que pode passar batido neste ano. Não chamará tanto a atenção. Deve entrar no rol das bandas que surgem e nada acrescentam ao cenário. Talvez seja um erro pensar assim. Repito que o grupo não deve ser esquecido. Pode amadurecer e para o futuro lançar um trabalho mais ousado e que revele uma identidade própria. São bons instrumentistas e o disco fica acima da regularidade. Por enquanto, esse é o disco que começa a esquentar o que pode ser um ano na música cheio de revelações, convincentes ou não.
:: NOTA: 6,5
:: FAIXAS:
01 – How Can I Know
02 – Want
03 – Is It Far Or Is It Close
04 – Soft White
05 – Calm And Clear
06 – Smoke
07 – Sonder
08 – How To Feel
09 – What Is Real
10 – Lost, Nothing To Hide
:: Mais informações:
Bandcamp
Site oficial
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:: Assista abaixo ao videoclip de “Want”:
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