CRÍTICA | Carnival Row (Carnival Row, 2019)


Carnival Row

‘Carnival Row’ é uma superprodução ambiciosa, confusa e muito intrigante

Série original da Amazon Prime Video (Assista) composta por oito episódios em sua primeira temporada e com a segunda já em produção, Carnival Row conta uma história rica em metáforas e subtextos que mesclam suspense investigativo e fantasia, para falar sobre os horrores reais da segregação racial.

Orlando Bloom, de Senhor dos Anéis e Piratas do Caribe, e Cara Delevingne, de Esquadrão Suicida e Cidades de Papel, protagonizam essa fantasia para adultos na qual humanos, fadas, faunos, centauros e outras criaturas míticas, precisam conviver em uma cidade prestes a explodir por conta de uma incontrolável tensão racial e política.

O SEXO DAS FADAS

Cara Delevingne vive uma fada que migrou ilegalmente para tentar ganhar a vida na cidade grande após ter sua cidade natal devastada pela grande guerra dos homens e, como muitas de sua raça, acaba indo parar em uma rua repleta de bordéis, gangues, cultos religiosos e muita pobreza, chamada Carnival Row.

Essa rua abriga as minorias marginalizadas e excluídas por um sistema pautado em racismo e exploração.

Como numa espécie de quilombo exposto, visto que toda a sociedade hipócrita corrobora com a sua existência, de acordo com suas próprias conveniências.

Famosas por levitarem com seus amantes quando atingem o orgasmo, é no bordel das fadas da Carnival Row que o filho do político mais poderoso da cidade é sequestrado, isso atiça ainda mais o racismo e leva a desdobramentos violentos contra os suspeitos pelo sequestro.

O DEMÔNIO ESTRIPADOR

Orlando Bloom vive um investigador da polícia extremamente simpático a causa feérica que tenta apaziguar os conflitos da população enquanto persegue um misterioso serial killer que vem cometendo homicídios extremamente brutais e sangrentos envolvendo magia negra.

A força descomunal exigida para cometer tais assassinatos o leva a desconfiar que talvez os boatos sobre uma criatura demoníaca estar perambulando pelos esgotos da cidade sejam verdadeiros.

Outro demônio que o investigador precisa enfrentar é o seu próprio passado, que teima em voltar a tona, personificado pela fada interpretada por Cara Delevingne, com quem teve um romance nunca assumido, fazendo-o questionar sua própria natureza.

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ADVINHE QUEM VEM PARA JANTAR?

Assim como no clássico filme de 1967, no qual uma família branca se choca ao conhecer o namorado negro da filha durante um jantar, um fauno negro também choca seus novos vizinhos ao ter a ousadia de comprar uma mansão no bairro mais nobre e branco da cidade.

Uma das vizinhas, afundada em dívidas, engole o preconceito e se aproxima do fauno milionário com intenções bem duvidosas, o que acaba inesperadamente rendendo um dos arcos mais curiosos da série.

Essa é mais uma das várias tramas que a produção aborda, o que acaba atrapalhando um pouco a fluidez da história, seja pela mudança de tom em alguns arcos, que vão do horror ao romance, seja pela grande quantidade de personagens e núcleos apresentados, levando um certo tempo para que o espectador se familiarize com todos e absorva toda a história.

O roteiro ambicioso de Travis Beachman, de Círculo de Fogo (2013), acabaria dificultando muito a realização do projeto inicial, que a princípio seria um filme dirigido pelo visionário Guillermo Del Toro. Apesar do envolvimento dele na pré-produção, Del Toro precisou abandonar o projeto para se dedicar ao filme A Forma da Água (2017), que acabou lhe rendendo quatro estatuetas.

O NADA ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Ambientado numa efervescente e reimaginada era vitoriana, o mundo de Carnival Row impressiona pelo capricho cênico e pelo esmero técnico. Os figurinos, as maquiagens, os efeitos especiais e todo o design de produção conseguem transportar o público para aquela “realidade” fantástica em questão de segundos, sem se furtar em fazer inúmeras conexões com vários problemas do mundo real.

Apesar dos elementos de horror, claramente inspirados em H.P. Lovecraft, e das criaturas mitológicas e feéricas, o destaque fica mesmo pela abordagem ao racismo, a falta de oportunidades e ao uso de poder político para fins escusos, que são indubitavelmente alguns dos grandes males que assolam o nosso mundo.

As minorias, aqui e lá, seguem manipuladas, vilipendiadas, segregadas e exploradas pelos poderosos, que não os reconhecem como iguais.

A enorme gama de assuntos e tramas abordadas deixa um aspecto confuso e por vezes truncado que requer um pouco mais de atenção do espectador, porém o roteiro abraça sua natureza novelística, repleta de desdobramentos e reviravoltas interessantes e consegue amarrar todas as pontas, além de apontar para uma promissora e aparentemente claustrofóbica segunda temporada.

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FICHA TÉCNICA:

Título Original | Ano: Carnival Row | 2019
Gênero: Crime, Drama, Fantasia
País: EUA
Episódios | Duração: 8 episódios | 56min (em média)
Direção: Thor Freudenthal, Andy Goddard, Jon Amiel, Anna Forester
Roteiro: Travis Beacham, René Echevarria, Peter Cameron, Stephanie K. Smith e outros
Elenco:  Orlando Bloom, Cara Delevingne, Tamzin Merchant, David Gyasi, Jared Harris, Indira Varma e outros.
Data de Lançamento: 30 de agosto de 2019 (Brasil)
Censura: 16 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes

 

 


TRAILER DA SÉRIE:

 

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