FONTAINES D.C. – Dogrel (2019)



“Dogrel é uma injeção de vitalidade no desfalecido Rock’n’Roll”

Falar da música feita em 2019 e deixar de citar o álbum de estreia dos irlandeses Fontaines D.C. é como fazer uma limonada sem limão ou falar da música dos anos 80 e não citar o The Fall, por exemplo.

A exemplo dos seus contemporâneos da escocesa Shame, Grian Chatten e sua trupe injetam vitalidade no cadáver do rock, declarado morto há alguns anos, mas que insiste em ressuscitar nesses projetos capitaneados por jovens rebeldes na faixa dos vinte anos que teimam em juntar baixo/bateria/guitarra e mandar ver em canções que resgatam o espírito “do it yourself”.

Dogrel é uma pedrada sonora indispensável, contagiante desde o primeiro momento, seguindo em movimentos regulares até o fim. É um convívio interessante entre a força explosiva do Punk Rock com a densidade Pós-Punk através de riffs esparsos e certa aura melancólica.

Sua força está em não se agarrar de forma definitiva a nenhum dos dois estilos, mas em tentar encontrar sua própria linguagem, algo que as Savages já haviam feito de forma empolgante em seu Silent Yourself.

A cidade de Dublin surge em várias faixas. O espírito Punk está encarnado nas canções de tempo curto e arranjos diretos, na agitada “Big” e o desejo de grandeza da letra: “Dublin sob chuva é minha, uma cidade grávida com uma mente católica…minha infância foi pequena, mas eu vou ser grande”, com a bateria sendo protagonista maior do que as guitarras sujas; está lá também no balanço de “Sha Sha Sha” e seus riffs ríspidos; juntam-se a agitada “Liberty Belle” e os riffs primordiais do Rock’n’Roll em seus primeiros anos de “Chequeless Reckless”.

“Too Real”, “Television Screens” e “Hurricane Laughter” formam uma trinca de canções que mantém a pegada do álbum em alta, pontuando a regularidade ao longo das faixas. A produção consegue manter em disco a vibração que a banda alcança nas apresentações ao vivo.

“The Lotts” tem na abertura elementos que trazem Joy Division à mente, baixo melodicamente denso e bateria tribal, enquanto riffs de guitarra se revezam; “Boy in the Better Land” e sua progressão alucinada tem a cara do Wedding Present. As referências seguem devidamente diluídas, os Fontaines D.C. espertamente conseguiu dar feições próprias às suas criações sem cair na imitação deslavada.

Se o Rock virou um estilo ultrapassado e nostálgico, é reconfortante encontrá-lo tão vívido na música do quinteto e se há alguns álbuns de Rock feitos na atualidade para serem apresentados à essa nova geração, Dogrel deve estar entre os primeiros da lista.

NOTA: 8,5


NOTA DOS REDATORES:

EDUARDO SALVALAIO: –
ISAAC LIMA: –
EDUARDO JULIANO: –
MÉDIA: 8,5


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Capa do álbum "Dogrel", da banda Fontaines D.C.

:: FAIXAS:
01. Big
02. Sha Sha Sha
03. Too Real
04. Television Screens
05. Hurricane Laughter
06. Roy’s Tune
07. The Lotts
08. Chequeless Reckless
09. Liberty Belle
10. Boys In The Better Land
11. Dublin City Sky


:: Ouça o álbum na íntegra:


:: Assista ao videoclipe de “Sha Sha Sha”:

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