‘Mary Shelley’ retrata o subjetivo elo entre a ficção e história de sua autora


Cena do filme Mary Shelley

Com direção de Haifaa al-Mansour, Mary Shelley conta a história de um dos nomes mais importantes da literatura mundial: Mary Wollstonecraft Godwin, autora responsável pela obra Frankenstein ou o Prometeu Moderno, livro que inaugurou a ficção científica na literatura em 1818.

Mary morava com o pai e a madrasta até conhecer Percy Shelley de quem herdou o sobrenome. Vale dizer que ambos decidiram morar juntos, pois Percy já era casado e o divórcio não era permitido àquela época.

Baseado em uma história real, o filme descreve uma mulher que decidiu ser escritora e morar com um homem em 1816, fato suficiente pra justificar a razão de Mary Shelley ser considerada uma das primeiras feministas conhecidas e importantes para a história mundial. Acredita-se que isso também se deva ao fato de ser filha de Mary Wollstonecraft, escritora que levantou a bandeira feminista e autora do livro Reivindication of the Rights of Women (Reivindicação dos Direitos das Mulheres), ainda que ambas não tenham convivido por conta da morte prematura da mãe durante o seu parto.

Experiências que vão desde o precário relacionamento com a madrasta, a eterna auto comparação com o talento da escrita de seus pais, a culpa inconsciente pela morte da mãe, a perda de sua primeira filha ainda bebê, a miséria vivida durante o casamento, os maus tratos, abandonos emocionais, tudo isso acumula no seu interior sentimentos que dão forma ao monstro da história tão famosa.

Frankenstein, na verdade, conseguiu dar vida e traduzir todas as perdas, traumas e reflexões de Shelley em seus 18 anos de idade. Mais tarde, a história veio a se tornar um dos terrores mais contados e conhecidos de todo o mundo.

Sabe-se que Shelley tinha pensamentos considerados inapropriados para uma jovem do século XIX e pagou um preço caro por isso. Uma intelectual que viveu no século antepassado e enfrentou o machismo, a misoginia e o patriarcado com muita coragem. O filme retrata o subjetivo elo entre a ficção e sua autora, dando mais sentido à obra mesmo para quem não a conhece bem.

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Ruas cinzentas, estilo gótico e fotografia fria dão ao filme um aspecto denso, contado por duas mulheres: a diretora Haifaa Al Mansour e a roteirista Emma Jensen. Assim, toda representatividade do feminino, tão presente no filme, também acontece atrás das câmeras. Como resultado, ambas conseguiram entregar uma narrativa ímpar, que é sutil e bruta ao mesmo tempo.

 


Mary Shelley, cartaz do filme

FICHA TÉCNICA:

Gênero: Biografia, Drama, Romance
País: Inglaterra
Duração: 2h01min
Direção: Haifaa Al-Mansour
Roteiro: Emma Jensen e Haifaa Al-Mansour
Elenco: Elle Fanning, Bel Powley, Owen Richards, Joanne Froggatt, Maisie Williams, Douglas Booth, Tom Sturridge e outros.
Data de Lançamento: 06 de julho de 2018 (UK)
Censura: 14 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes

 

 



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