CHASMS – The Mirage (2019)


Foto do duo Chasms para resenha do álbum "The Mirage"

“Etéreo, hipnótico, onírico, The Mirage é um refúgio construído pelo duo Chasms”

A música e as artes de forma geral serve muitas vezes como um lugar de refúgio. Não necessariamente uma fuga da realidade, mas um abrigo para momentos difíceis, um bálsamo para alívio das “dores” cotidianas. Muitas frases de autores célebres tentam definir a arte, uma das que melhor a sintetiza é de Leonardo Da Vinci: “A arte diz o indizível, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível”.

Em seu mais novo trabalho, o duo Chasms (Jess Labrador e Shannon Madden) segue adiante com sua arte mesmo após um acontecimento trágico em 2016 que vitimou o irmão de Shannon e vários amigos da dupla – um incêndio num espaço coletivo para artistas chamado Ghost Ship, em Oakland. Mudaram de cidade, mudaram sua música, mas seguem em contato com o universo de outrora, onde a ideia do onírico é uma constante através de elementos etéreos seja da guitarra ou da voz de Jess.

Ao tempo que expurgam suas dores, oferecem ao ouvinte um “lugar de conforto”, que tanto pode durar alguns minutos ou algumas horas, você escolhe. E escolha é um termo que também define “The Mirage”. A escolha por abandonar estruturas identificáveis ao shoegaze para buscar unir dois lados a uma primeira vista inconciliáveis: guitarras e vocais etéreos com os graves do dub e batidas eletrônicas circulares.

A faixa que foge da estrutura que predomina no álbum é “Divine Illusion” (Rework), espécie de homenagem ao que se foram no acidente do Ghost Ship, expressa em sua letra: “O sol se foi / O mundo ficou escuro / Você subiu para as estrelas / Me mostre uma luz / No céu mais negro / Fale comigo / Do outro lado / Sussurre para mim / Que meus sonhos não mentem / Divino”. Modificada em sua versão bônus.

O álbum funciona bem, envolve, hipnotiza, soa como um grande bloco musical que nem precisaria de divisões, e isso tanto pode ser bom quanto ruim, depende da maneira como cada um se relaciona com a música. Não diminui a força das canções, apenas a quantidade de BPM de cada um dos pequenos blocos que formam o bloco maior. E todos os blocos menores são igualmente atraentes, igualmente construídos e igualmente desenvolvidos.

O minimalismo é o que permeia todas as canções, há grandes espaços vazios nos arranjos, algo típico do dub, algo que já vimos nos primeiros trabalhos dos escoceses do Cocteau Twins e reencontramos aqui com efeitos semelhantes, apesar dos elementos diferentes: menos dinâmicos e mais repetitivos, como um mantra. Se vai funcionar, depende de você. O refúgio está construído, cabe a cada um escolha de entrar, conhecer e permanecer ou todas as outras variáveis possíveis.

:: NOTA: 8,0


NOTA DOS REDATORES:
Eduardo Juliano:
Eduardo Salvalaio:
Isaac Lima:

MÉDIA: 8,0


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Capa do álbum "The Mirage", do duo Chasms

:: FAIXAS:

01. Shadow
02. Every Heaven In Between
03. Deep Love Deep Pain
04. Gratuitously Cruel
05. No Savior
06. Tears In The Morning Sun
07. The Mirage
08. Divine Illusion (Rework)
09. Divine Illusion (Bonus Track)

 


:: Ouça o álbum:

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