‘Meteorites’ é exemplo de que nem sempre a maturidade se traduz em grandes canções



A carreira do Echo and the Bunnymen pode ser dividida em duas partes. A primeira, que vai até 1988, quando lançaram cinco ótimos álbuns que podem entrar tranquilamente em qualquer lista de melhores dos anos 70/80; a segunda, após um hiato de alguns anos, de 1997 até os dias de hoje, com dois bons álbuns: ‘Evergreen’ (1997) e ‘What Are You Going to Do with Your Life?’ (1999), e mais um par de discos irregulares, aos quais vem se juntar ‘Meteorites’, ainda que o vocalista Ian McCulloch volte a afirmar ser o melhor da banda em anos, frase já desgastada.

Olhar pra frente ou para trás parece ser o grande dilema a circundar todos álbuns da banda desde a sua volta. Quando olharam pra frente foram mais “felizes”, compuseram os dois álbuns citados anteriormente, que apesar de não serem espetaculares ao menos são coesos, e por isso mesmo se sobressaem.

Foram quase cinco anos desde ‘The Fountain’ (2009), para que voltassem a compor um novo material, que muitos acreditavam até que não aconteceria, devido principalmente aos projetos paralelos em que se envolveram. Considerando esse hiato, esperava-se um álbum pelo menos convincente como foram ‘Siberia’ (2005) e o próprio ‘The Fountain’.

Com ‘Meteorites’ até tentam não cair na armadilha da auto repetição, nota-se que McCulloch e Sergeant esforçaram-se para dar-lhe feições próprias.

Faixas como “Is This a Breakdown?” e “Grapes Upon the Vine” mostram a banda tentando um caminho “diferente”, mas não são suficientes. Falham em fazer um álbum consistente, seja no que diz respeito ao instrumental ou mesmo aos vocais de McCulloch, cuja voz vai ficando cada vez mais grave, porém mais desgastada, sem a mesma potência de outrora. Já as guitarras de Sergeant, traço marcante na sonoridade da banda, soa menos interessante que em seu projeto ‘Poltergeist’, com o ex-baixista Les Pattinson.

Apesar da produção caprichada, a cargo de Youth (Killing Joke), que tenta dar uma caprichada nos arranjos acrescentando cordas em diversas faixas, ‘Meteorites’ carece daquilo que McCulloch sempre tanto exaltou: magia e mistério. Mais que isso, falta uma canção ou melodia que conquiste. ‘Evergreen’ tinha “Nothing Ever Lasts Forever” e algumas outras companheiras interessantes como “I Want to Be There (When You Come)”; ‘What Are You Going to Do with Your Life?’ trazia a pungente “Rust” e a própria faixa título. ‘Meteorites’ tem uma bela faixa título, que poderia até ser mais interessante se o vocal não soasse tão forçadamente choroso.

As faixas se sucedem e em vários momentos fica o deja vu em relação a álbuns anteriores da banda. “Holy Moses” soa como uma sobra de ‘Evergreen’ e ‘Burn it Down’ um lado B de ‘What are You..’. Não quer dizer que o álbum é ruim, mas é pouco pra uma banda da qual se espera algo mais.

É compreensível que a longevidade possa provocar efeitos contrapostos: maturidade e desgaste. Fato é que, tomando o primeiro como algo “bom”, no caso de ‘Meteorites’, este não se traduz em algo interessante.

NOTA: 5,5


:: FAIXAS:
01. Meteorites
02. Holy Moses
03. Constantinople
04. Is This a Breakdown ?
05. Grapes Upon the Vine
06. Lovers on the Run
07. Burn It Down
08. Explosions
09. Market Town
10. New Horizons

 


:: Assista abaixo ao vídeo de “Holy Moses”:

Previous 'Heaven Up Here' do Echo and the Bunnymen tem riffs secos e cozinha pulsante
Next ‘The Evil Within’, um jogo que volta às raízes do gênero survival

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *