MOONFACE – This One’s For The Dancer And This One’s For The Dancer’s Bouquet (2018)


“Bem vindo ao universo sonoro criativo, mitológico e estilhaçado de Spencer Krug e seu Moonface”

Spencer Krug é aquele músico que, certamente, haverá no futuro alguma biografia sobre ele. Não é por menos. Um dos grandes nomes da música dos últimos anos, Krug não brinca em serviço. Conhecido bastante por seu trabalho no Wolf Parade, uma das bandas canadenses que mais chamou a atenção no começo do século (lá por volta de 2003), o cantor e multi-instrumentista ainda percorreu vários caminhos com outros projetos musicais. Só para citar alguns: Sunset Rubdown, Swan Lake, Frog Eyes, Fifths of Seven e até arriscou um clima ska com o Two Tonne Bowlers. Moonface é seu trabalho solo onde o músico revela um lado experimental, e quer ousar, subverter ou até mesmo brincar.

Com um extenso título, dezesseis faixas que somam oitenta e três minutos, seu novo álbum foi concebido com a ideia de um LP duplo. Esse é um trabalho difícil, complicado de classificar e que pode receber louros pela ousadia do músico ou mesmo ser descartado por muitos ouvintes apressados. Krug parece ser bem inspirado pela mitologia grega, tanto que a figura do Minotauro dá título em sete faixas. Segundo o vocalista, a concepção do álbum é como mostrasse que em parte foi composto pelo próprio ponto de vista do músico, enquanto outra parte fosse pelo ponto de vista do Minotauro. Outros nomes da cultura grega se fazem presentes como Teseu, Dédalo e Knossos.

Por trás dessas idiossincrasias de Mr. Krug, a ênfase clara de dar vazão as composições de seu Moonface. Sem gênero definido, o álbum seria como fosse montado a partir de estilhaços, porém cada faixa vai revelando sua matiz, não de fácil assimilação, a princípio.

“Last Night” é uma viagem densa com os sopros a todo potencial que passa a ideia de um Jazz. “Okay To Do This” vem afundada na psicodelia 60’s, e “The Cave” é a que mais lembra a sonoridade do Wolf Parade em início de carreira, com uma sonoridade bem próxima ao pós-punk, pode ser a mais grudenta do álbum. O álbum abusa dos recursos que a música pode oferecer. A explosão de sopros em “Hater” e os grooves que ditam um ritmo influenciado pelo Kraut-rock em “Sad Suomenlinna” revelam um artista que busca dimensão em estúdio. Outro instrumento usado ao extremo é o vocoder, onde o músico cria narrativas melódicas com um tom de voz espectral em “Minotaur Forgiving Minos”.

Esse é um disco em que, confortavelmente, o indie-rock tradicional pode ficar lado a lado com uma eletrônica experimental, vide “Minotaur Forgiving The White Bull”.

Embora busque atingir uma dimensão épica, tanto pelo tamanho como pela confecção, e talvez não consiga por completo, interessante firmar Krug como um artista em constante criatividade, sempre investigando formas e métodos de sua própria musicalidade. Apesar de que o músico confirmou que esse é o último trabalho com o nome de Moonface, sabemos bem que ele não vai parar tão facilmente, não importa onde dê vazão a suas criações.

:: NOTA: 7,3

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:: FAIXAS:
01. Minotaur Forgiving Daedalus
02. The Cave
03. Minotaur Forgiving Knossos
04. Heartbreaking Bravery II
05. Last Night
06. Minotaur Forgiving Minos
07. Aidan’s Ear
08. Minotaur Forgiving Theseus
09. Sad Suomenlinna
10. Minotaur Forgiving Daedalus
11. Okay To Do This
12. Dreamsong
13. Hater
14. Minotaur Forgiving The White Bull
15. Walk The Circle In The Other Direction
16. Minotaur Forgiving Poseidon

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:: Ouça abaixo “Minotaur Forgiving Knossos”:

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