Em entrevista, Loomer comenta sobre novo álbum, redes sociais e mais


Foto: Jaquelina Soares

O quarteto Loomer é de Porto Alegre, mas sua música está além de quaisquer fronteiras, sejam elas de tempo ou espaço, pois reverbera como ondas flutuando pelo céu, choca-se tanto na sonoridade de bandas precursoras de muralhas de guitarras barulhentas do início dos anos 90 quanto no revivalismo shoegaze que se seguiu em épocas posteriores, dando formas parecidas mas com sabores diferenciados, talvez por ter sido cultivada no hemisfério sul, ainda que surgida em paragens mais ao extremo, logo mais frias.

Com dez anos de formação, a banda tem uma discografia que se não é das mais extensas, considerando o tempo de atividade, mantém um padrão de qualidade (e fidelidade aos seus próprios princípios) que pouco se altera desde “Mind Drops” (2009), seu primeiro EP, passando por “Coward Soul” (2010) e “You Wouldn’t Anyway” (2015), e chegando a “Deserter”, seu álbum mais recente, um dos melhores lançados em 2017, e que entrou na nossa lista daquele ano.

Avessos aos caminhos comuns, e a música que brota da junção dos quatro integrantes deixa bem claro isso, o quarteto segue sua própria trilha sem se importar com modelos ou normas, mas escrevendo a sua própria cartilha, ao seu modo, no seu tempo, sem abrir mão de suas convicções, o que lhes permite liberdade para compor, gravar e tocar sua música, e o que advier disso será bem vindo.

Detalhe, de todos os artistas para quem enviamos as perguntas por e-mail, foram, até o momento, os mais “difíceis”, embora sempre muito atenciosos e gentis, porém muito ocupados. Por algum tempo até pensamos que não aconteceria, mas, de repente, eis que eles nos mandam tudo já pronto (e somos gratos!). E a espera valeu a pena, já que a banda (Stefano e Guilherme) nos permitiu vislumbrar um pouco desse universo tão particular da Loomer.

Loomer é Stefano Fell (guitarra e voz(, Fernanda Junkie (baixo e voz), Richard La Rosa (guitarra) e Guilherme Figueiredo (bateria)


Dois EP’s e dois álbuns no espaço de dez anos, como vocês avaliam a trajetória da banda? Já fizeram essa auto avaliação?
STEFANO: A gente não parou muito pra pensar em nossa trajetória. Parece que tudo passou muito rápido sob um certo ponto de vista. Ficamos muito felizes, e até surpresos, com o que já aconteceu conosco, considerando onde estamos, a forma com que fazemos, e que o nosso principal esforço é trabalhar nas músicas, manter a união e curtir os momentos que tocamos ao vivo.
GUILHERME: Como disse numa música, um cara de uma banda que precisou de 3 ou 4 anos pra fazer sua historia: “I think i’m done”; Mas enfim, talvez por não seguir esses padrões de tempo, e pré avaliações, parar pra analisar isso agora seria como reconhecer que ja tivemos nosso tempo, e no entanto,nunca tivemos nada a não ser o desejo atemporal de se expressar. Nos alimentamos um pouco da falta desses padrões de julgamento. E obviamente, pagamos o preço disso. Sim, temos uma estrada, mas enquanto o diesel for mais barato que a gasolina, e ainda podermos nos coordenar na nossa descoordenação, sempre queremos ter a ideia de que as coisas ainda estão a recém começando.

“Deserter” pode ser considerado um dos melhores álbuns na linha shoegaze/alternativo/noise já feitos no Brasil, em nada devendo a lançamentos de banda de fora. Vocês tinham essa intenção em mente quando estavam preparando o álbum, de fazer algo que estivesse “acima” ou “É um jogo de tentativa e erro” como diz a letra de “Mind Control”?
STEFANO: Olha, a gente sempre quer que o último álbum seja o melhor, mas achávamos que isso não iria acontecer desta vez, e também nem sei se isso aconteceu no fim (Risos). Existem excelentes bandas na atualidade, e estamos fazendo nossa parte por aqui. Acho que temos bons álbuns já lançados, e que bom que este último agrada a bastante gente também.
GUILHERME: Assim como para selecionar coisas que nos agradam escutar, naturalmente, o que tentamos criar passa por uma autocritica. Mas acho que é de uma forma espontânea, sem forçar uma barra nem tentar ser pretensioso. A gente obviamente nunca vai se achar no mesmo nível que as bandas que admiramos (temos noção de quem somos e de onde viemos, mas não temos noção nenhuma, por isso a gente chuta o balde, a manda ver do melhor jeito que a gente consegue), sejam elas as mais undergrounds, sejam elas do Brasil ou de qualquer outro país. Mas tentativa e erro, é uma boa alternativa pra essa pergunta difícil. Acho que tá bom né? podemos tomar uma cerveja agora? (Risos)

O que mudou da Loomer de “You Wouldn’t Anyway” (2013) para a de “Deserter” (2017)?
STEFANO: Ambos os álbuns levaram um bom tempo para serem lançados, e neste tempo mudamos bastante também. Foram lançados já “antigos” pra gente. Ou seja, o “Deserter” já é antigo pra nós, que queremos tocar e compor as coisas de forma diferente. Saiu a baixista anterior, a Liege, e entrou a Fernanda. Fizemos vários shows neste meio tempo, tocamos em vários festivais, com várias bandas de diferentes estilos, isso nos deu um certo aprendizado, e uma certa segurança, talvez. Fizemos diversas turnês entrando num carro e andando pelas estradas, aprendendo a nos tolerar e entender nossas diferenças, com um objetivo em comum nos ajudando nisso. Hoje a gente olha um para o outro sabendo que, apesar de tudo, somos uma banda, nos deixa bem.
GUILHERME: Talvez mesmo para quem goste muito da Loomer, ou quem tenha convivido com a gente durante essa fase, é bem confuso entender o que se passou…Nem nós sabemos ou pensamos nisso… Você citou nomes de álbuns, porque são referências de quem vê de fora, mas muita coisa que não planejamos ou esperávamos foram acontecendo. A parte mais difícil, que a duras penas conseguimos manter, e talvez melhorar, foi a manutenção da parte/função feminina da banda. A Liege gravou os baixos e vocais do “You Wouldnt Anyway”, mas antes dele ser lançado ela saiu da banda. A Fernanda entrou e já começamos a compor novas músicas, mas ela foi pra Miami e a partir daí, estamos nessa ponte aérea. Para nós tudo sempre foi uma “lenda”, as coisas demoram…acho é que estamos mais calejados e aprendemos a ser um pouco mais rápidos e práticos hoje.

Quando e como se iniciou o processo que deu forma ao álbum, partindo das composições até o disco pronto?
STEFANO: Assim como com os álbuns anteriores, a gente segue compondo músicas. Não houve um planejamento, antes das composições, digo, de como o álbum deveria soar ou como as músicas deveriam ser compostas, elas já existiam. Gravamos as músicas da mesma forma como as tocamos. A partir daí existiu um trabalho de aproveitamento do que aconteceu de positivo na gravação, ênfase nos timbres bons, na energia, etc. Aproveitamos uma oportunidade para gravar no estúdio Dissenso, e isso nos impulsionou em direção ao álbum.
GUILHERME: As músicas do “Deserter” vem sendo ensaiadas e tocadas desde o momento que a Fernanda entrou na banda. Isso deve ter sido em 2014/15. Já colocamos elas nos shows e fomos montando repertório. Depois gravamos 8 das 10 musicas no estúdio Dissenso, mas meio a toque de caixa, poucas horas, sem pré produção, mas num estúdio excelente e com um feedback do Eric, da Muri, e com um operador de som americano. Daí, a falta de planejamento, dinheiro, e a nossa cabeça dura de querer fazer tudo nós mesmos, por haver pouca mão de obra disponível e barata em Porto Alegre, fez o álbum se estender por um longo tempo pra ficar pronto. Stefano basicamente mixou sozinho este disco. Mas acho que foi em um ou dois fins de semana, que o resto da banda ficou pentelhando e enchendo o saco, até
finalmente ficar a contento de todos e poder ser disponibilizado de um jeito “aceitável” pras pessoas.

Bandas que seguem essa linha musical de vocês costumam afirmar que o vocal nada mais é que um instrumento a mais, qual a importância do vocal nas composições da Loomer e o que poderiam falar a respeito das letras?
STEFANO: Bom, sim, temos este conceito também de o vocal soar como um instrumento, mas não para colocar o vocal em segundo plano, e sim para trazer o instrumental para frente, pois ele traz o peso e a energia que a música precisa ter. De minha parte trato o vocal com importância, porém gosto que ele não seja completamente distinguível, não acho isso incoerente. Mas acho que isso é caso a caso, não necessariamente uma regra. Sobre as letras, a composição é feita primeiramente com a melodia, com uma ideia de letra, que vai sendo encaixada posteriormente. Gosto mais da sonoridade das palavras do que o sentido delas algumas vezes. A ideia é que as letras não tentem chamar atenção pra si, mas que tenham algo a dizer.
GUILHERME: Eu posso falar que os vocais são o bolo e a banda é a cereja. Embora pareça apenas mais um instrumento, e que você não entenda claramente o que a letra esta querendo dizer, se você realmente tiver curiosidade em saber, ali está sendo dito, susurrado ou gritado, basicamente todas as duvidas, inquietações, incertezas, de uma forma despretensiosa, mas ainda com uma ideia poética.

Qual o papel do Midsummer Madness e do Sinewave dentro desse processo?
STEFANO: Temos orgulho de fazer parte do cast do Midsummer Madness e do Sinewave. Além de apoiarem nosso estilo de som aqui no Brasil, nos auxiliam com a divulgação dos discos e oportunidades de shows pelo país. Conseguimos desta forma nos focar na música, que é o que sabemos fazer.
GUILHERME: É muito importante. Sempre foi sem exigências ou cobranças de ambas as partes. Os maiores shows e melhores condições que tivemos, devemos muito a eles. A Loomer sempre dependeu de pessoas que gostam da gente a ponto de proporem oportunidades que muitas bandas gostariam de ter. Vai ser difícil citar todas as pessoas amigas que nos ajudaram a mostrar nosso som fora de Porto Alegre. É bom lembrar que Porto Alegre, talvez só agora esteja entendendo de bom grado, que a Loomer, com o tipo de som que faz, sempre teve mais reconhecimento de São Paulo e outros estados que do RS. Somos daqui e aqui queremos ficar, mas as coisas parecem cada dia mais difíceis hoje em dia.

Como avaliam a importância das redes sociais no trabalho de divulgação das bandas independentes?

STEFANO: A internet é um ótimo auxílio para divulgação de bandas. As coisas estão mais fáceis hoje do que em outras épocas neste quesito. Mas não somos muito bons no uso das redes sociais. Pessoalmente eu não gosto muito do algoritmo do Facebook que força as pessoas a postarem qualquer coisa que seja a todo momento se quiserem um espaço. Acho que cria um vício numa atividade que eu não gostaria de fazer. Os selos e o nosso público nos auxiliam nesta parte, ainda bem. A gente só precisa ter um material acessível para as pessoas que buscam isso encontrar.

GUILHERME: Total, mas usamos de forma pessoal, quase amadora. Poderíamos usar muito melhor, mas nos sentimos satisfeitos pelo que fazemos e o retorno que temos. Independente de Internet, as coisas continuam funcionando do mesmo jeito. É o dinheiro e as mega corporações que vão continuar mandando e nos iludindo com uma falsa ideia de poder. Por isso, preferimos o anonimato e a obscuridade, podendo ser como a gente é, do que entrar mais ainda nesse mundo de manipulação e ilusões de poder que sempre querem nos fazer engolir e nos manipular. Sugiro ler a resenha do Floga-se. Acho que ali ele diz mais de como somos em relação a isso do que ousaríamos tentar entender.

Como uma banda do Rio Grande do Sul foi parar no Pará, no outro extremo do país, no Festival Se Rasgum, em novembro do ano passado? E como foi a experiência?
STEFANO: Muito legal aonde a música consegue nos levar. Este tipo de experiência só nos faz melhorar como pessoas. Saio do meu mundo fechado para conhecer outras pessoas que de uma forma ou outra se sentem conectados com a gente. Vejo outras bandas, repenso minhas atitudes, volto diferente. Ficam aqui agradecimentos ao Lariú, da Midsummer, ao Marcelo Damaso, do Serasgum, ao pessoal do Lava Divers pela parceria, ao Wilson e o Homer, da Céus de Abril, ao Camillo, da Turbo. Foi ótimo.
GUILHERME: Rapaz, isso foi incrível. Jamais poderia imaginar que Porto Alegre e Belém poderiam ter coisas em comum. O rio que tange a cidade, a cultura e arquitetura portuguesa, uma atitude de resistência e amor a sua cidade. Desde os amigos das bandas de lá (Céus de Abril, Turbo), o tratamento, a aprendizagem, e o próprio show em si, fez tudo valer a pena. Festivais desse porte e organização são muito enriquecedores. A banda se dá conta da dimensão em que ela está, e pra nós, que levamos a banda do jeito que conseguimos, sem um produtor, equipe ou assessoria externa efetiva, é inacreditável participar. Creditamos isso, porque em qualquer parte do mundo sempre haverão pessoas que gostam desse tipo de som…alto, de guitarras, cru, mas também viajante, que é o espaço em que a Loomer gravita.

Como a Loomer se vê no cenário do rock gaúcho e nacional?
STEFANO: Não saberia dizer. Não tentamos nos inserir no cenário. Não temos nenhum plano estratégico para nos posicionar em como as coisas funcionam. A gente simplesmente toca quando aparece uma oportunidade, libera músicas quando elas estão prontas, estas coisas. Temos uma paixão pela música, e as coisas giram em torno disto. Temos amigos que tocam em outras bandas, nos mostram músicas novas (ou antigas), vamos a shows deles, tomamos cerveja juntos, etc. Tento não pensar nas coisas como uma competição, apenas uma vivência.
GUILHERME: Isso pra nós é irrelevante. Mas na medida que há um retorno, um reconhecimento, uma historia pra ser ouvida, dá a entender que não somos tão desconhecidos como achamos (Risos). Falar em cenário hoje, e talvez sempre, é complicado. Já fizemos mais parte da “cena”, no inicio da banda, na virada dos anos 00/10, quando parece que houve uma redescoberta pelo shoegaze, grunge/anos 80/90. Mas o cenário é uma corrida pelo efêmero, e a banda quando começou já não tinha mais nenhum garoto (tirando a Liege ou a Fernanda)..então na real, a cena que a gente quer ou gosta nunca vai fazer parte de um cenário atual. E a gente não consegue fazer média com outras bandas pra se promover, a não ser que seja por total sintonia musical. E assim esperamos dos outros com a gente.

Vocês costumam situar as influências ali no final dos anos 80 e início dos 90, as resenhas estão certas quanto às referências musicais da banda ou muitas passam longe? E vocês leem as resenhas sobre a Loomer?
STEFANO: Somos 4 integrantes, e cada um tem suas influências. Eu gosto muito de bandas dos anos 80 e 90, mas escuto bandas de todas as épocas. Vou dizer que as resenhas que eu li da gente sempre tem muita coisa verdadeira sim. Quer dizer, como temos muitas influências, alguma banda sempre que citada, faz parte das que escutamos em um ou outro momento. Mas em termos de composição estas influências ficam sutis, digamos assim. Sendo assim, quando uma resenha diz que tal música é tal banda, eu acho engraçado, pois sei que (geralmente) não deveria ser, quer dizer, intencionalmente ao menos, e acho interessante em como a pessoa recebe aquele som, como Interpreta o que escutou.
GUILHERME: Seria mais cool, dizer não, não damos bola pra isso. Mas lemos e somos interessados por todas. Não são muitas, e é uma forma de retribuição e atenção ao nosso som. Ficamos até surpresos que, com a tosquice com que gravamos e produzimos as coisas, a banda receba tantos comentários positivos. Sobre as nossas influências estarem situadas entre o final dos 80/inicio dos 90, acho que é por ai mesmo… mas o tempo e as décadas não podem resumir a descoberta e o interesse musical. Por exemplo, é evidente que nos anos 70, bandas de Manchester, garage e college rock americano, punks ou pós punks como Damned ou Wire, ou o Kraut Rock também fazem muito a nossa cabeça.

Qual o segredo por detrás das paredes sonoras da música da Loomer?
STEFANO: A gente faz uma barulheira tamanha que só dá pra saber o que aconteceu quando rebobina a fita e bota pra rolar.
GUILHERME: Se não houvesse paredes não haveriam segredos? Ou, se vc está dizendo que existe um segredo, quem somos nós pra revelar? (Risos) É uma pergunta pra dar uma resposta nada a ver né? (Risos).

Vocês identificam algum elemento principal que faz com que a banda esteja na ativa até hoje? E a maneira como vocês enxergavam a Loomer em 2008 é a mesma como enxergam hoje em dia?
STEFANO: Acho que a gente se aceita, e se respeita, por melhor ou pior que seja, no sentido de entender as limitações de cada um, nossa velocidade, e etc. Não ter tanta ambição ajuda também a não colapsar. Mas fundamentalmente ter muitas pessoas que realmente nos apoiam e gostam das nossas músicas, isso nos motiva.
GUILHERME: É não pensar, ou racionalizar muito sobre isso, e ao mesmo tempo ainda perceber que existem pessoas Interessadas, ou uma ideia que existam pessoas que curtam e entendam o que a gente tenta fazer. O próprio tempo muda o jeito de enxergar as coisas…mas a gente procura manter o mesmo jeito com que começamos, porque acho que sempre fomos e seremos assim. Se tentássemos de outro jeito não sei se seria a Loomer. É mais ou menos como um ser que tem vida própria, mas precisa fortalecer e evoluir sua personalidade.

Quais o próximos passos da banda e para quando podemos esperar um show de vocês na Bahia?
STEFANO: Sobre próximos passos, vamos fazer shows, compor músicas novas e relembrar as antigas. E assim vamos indo. Adoraria poder tocar na Bahia, com certeza. Espero que role, só chamar! Aliás, demais que vocês gostem do nosso som por aí, e tenham dedicado um tempo pra gente. Desculpe pela demora nas respostas. Um abraço pra todos do Urge! e parabéns pelo portal.
Guilherme: Alguém esperar por um show nosso na Bahia é definitivamente encantador. Espero que tenha umas cadeiras confortáveis pra tão admiráveis pessoas. Acho que os melhores passos que podemos dar esse ano seria tocar na Bahia, em Minas, Pernambuco, ou qualquer outro lugar que ainda não tivemos a chance de pisar nos pedais. Que Nosso Senhor do Bonfim e iniciativas como a sua nos mantenham vivos e ativos, mutuamente. Saravá!

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