CRÍTICA | Fogo Sombrio (Dark Forces, 2020)


Fogo sombrio, imagem do filme

‘Fogo Sombrio’ erra com trama fraca e falta de coesão entre ideias e gêneros

O início de Fogo Sombrio é convidativo: Franco (Tenoch Huerta), um homem solitário, chega a um hotel com a intenção de obter informações acerca de sua irmã desaparecida. A arquitetura antiga do hotel, os personagens estranhos que aos poucos surgem, a iluminação típica de filme Noir, a figura misteriosa de Franco, um possível mistério que pode segurar o espectador até o final. Parece que a trama vai engrenar e que há um bom filme pela frente. Ledo engano.

O problema maior de Fogo Sombrio é que o diretor Bernardo Arellano tenta fazer uma interligação entre gêneros (Ação, Terror, Thriller, Noir) e tudo se perde em meio a uma trama mal concebida. Até consegue iniciar com uma atmosfera promissora, porém nada funciona em ordem ou sintonizado. O que é pior, em certas partes o roteiro soa caricato, burlesco e quebra o suspense pela busca da irmã do personagem (onde no final tudo é desculpa para mais cenas hediondas e risíveis).

O filme preza por um submundo noturno onde o cenário é composto por prostitutas, vampiros, malfeitores e femme fatales, com uma linguagem audiovisual e técnica que remonta ao cinema Fantástico e Surrealista, infelizmente a película de Arellano se desorganiza em meio a exageros. Depois de seus primeiros vinte minutos, se direciona para um mistura de “terrir” e filme B – não tão memorável assim para virar um Cult Movie.

Em meio a um clima noir, com certos toques de erotismo e buscando inspiração tanto no cinema Trash como nos quadrinhos, às vezes parece que teremos algo digno e semelhante de um Sin City (2005), mas passa longe.

Tentando incluir (erroneamente) o gênero Ação, o diretor insere cenas (mal) coreografadas e desnecessárias de lutas. Tipo de filme que o espectador sequer terá carisma pelo personagem principal ou mesmo rancor do vilão, pois ambos são mal aproveitados.

Flashbacks contam um pouco sobre o passado de Franco em relação a sua irmã, além dos constantes pesadelos que o personagem tem poderiam dar um toque maior a trama, mas até isso acaba desnecessário, parecem incluídos para render um pouco mais de duração ao filme. As cenas que pegam de apoio elementos do ocultismo e misticismo bastante presentes no cinema do gênero Terror acabam mais enfadonhas do que interessantes e assustadoras.

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Mesmo dentro da imaginação e das inúmeras possibilidades que o cinema permite, algumas cenas em Fogo Sombrio não fazem jus a uma trama que impulsiona o espectador até o final. Quando se tem os elementos do terror tradicional e na ânsia de criar algo diferente o resultado pode sair como espalhafatoso e desordenado.

Arellano talvez queira soar despretensioso com esse filme mantendo um estado de amadorismo, e é infeliz. Outros diretores fizeram isso e criaram obras-primas clássicas e atemporais como Sam Raimi em Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio (1981).

Nada se salva? Conforme comentado no início do texto, o estilo visual sobretudo dos primeiros minutos que consegue ainda revelar um diretor com boas ideias (mas que precisa levá-las com maior criatividade até o final) e a beleza da atriz Erendira Ibarra que também atua na série Sense 8. O cinéfilo exigente não vê um filme por apenas esses dois motivos, precisa de toda uma magia funcionando perfeitamente em coesão.


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FICHA TÉCNICA:

Título Original | Ano: Fuego Negro | 2020
Gênero: Ação, Terror, Thriller Noir
País: México
Duração: 81 minutos
Direção: Bernardo Arellano
Escrito por: Bernardo Arellano
Elenco: Tenoch Huerta, Erendira Ibarra, Dale Carley, Johana Fragoso Blendl, Mauricio Aspe, Ariane Pellicer, outros
Data de lançamento: 21 de Agosto de 2020 (Brasil)
Censura: 16 anos
Avaliações: IMDB / ROTTEN TOMATOES


O TRAILER:

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