‘Mulheres do Século 20’ convida a uma reflexão sobre o encontro das gerações


Mulheres do Século 20, imagem do filme

Mulheres do Século 20 é uma comédia dramática estadunidense de 2016 dirigida e escrita por Mike Mills, ambientada no sul da Califórnia no final da década de 70 e baseada na infância do diretor. O filme foi indicado a dois prêmios Globo de Ouro: Melhor Filme – Musical ou Comédia e Melhor Atriz para Annette Bening, e ainda Melhor Roteiro Original no Oscar de 2017.

Dorothea (Annette Bening) é uma mãe divorciada que, por conta da diferença de idade com seu filho adolescente, acha-se incapaz de criá-lo sozinha para ser um homem de bem em meio a uma década tão tumultuada, recheada pelo movimento hippie, o feminismo, as drogas e questionamentos com relação a mídia e o poder do Estado. Por tudo isso, ela se sente distante do filho e resolve pedir a ajuda de duas mulheres na educação seu filho. Jamie (Lucas Jade Zumann), um adolescente de 14 anos, funciona bem como os olhos do público que observa com atenção cada gesto desse trio que o rodeia.

Dorothea possui uma casa grande na qual moram, além dela e do filho, os inquilinos Abbie (Greta Gerwig) e William (Billy Crudup). Abbie é uma jovem fotógrafa que luta contra ameaças recorrentes à sua saúde. Tem quase 30 anos, carrega a cultura punk, feminista e arrojada. Julie (Elle Fanning), amiga de infância de Jamie, é uma jovem de 17 anos que acredita na psicanálise, é analítica e mental. Já o homem, parece estar ali prioritariamente para ser útil, pois dedica-se unicamente a fazer reparos na casa, passa longe de uma simples figuração.

Claramente o filme não dá conta de todos os seus personagens ou das passagens históricas, e nem teria como fazê-lo. Sua ambição é outra: descortinar com casualidade as reflexões de três mulheres nascidas nas décadas de 1920, 1950 e 1960 e que convivem juntas no final dos anos 70.

A vida das três se enlaça com leveza, sem lição de moral ou julgamento. Um exercício de observação, que nos convida a conhecer cada uma delas.

Situado principalmente dentro dessa casa, em conversas simples na cozinha e nos quartos, o filme consegue retratar a longa transformação nos modos de pensar de várias gerações nos Estados Unidos. Do cotidiano em comum desses personagens se desprende o que o longa-metragem tem de mais bonito e contundente: os diálogos curtos e incisivos. Aliás, eles são a força motora da obra. Há sempre uma dupla de personagens conversando sobre algum elemento cultural que eles não compreendem.

Simples, cotidiano e sensível, é um filme em sintonia com a trajetória do feminino, uma jornada que se fortalece mirando-se no exemplo, a cada pequena história.

+++ Leia a crítica de ‘Frida’, de Julie Taymor

O grande mérito do diretor é abraçar as ambiguidades de uma maneira muito carinhosa, expondo-as como um efeito colateral da interação de pessoas comuns que, a despeito de tudo isso, se amam. Mulheres do Século 20 não fala apenas sobre mulheres. Fala do ser humano em um mundo que se transforma constantemente com uma delicadeza que impressiona.

 


Mulheres do Século 20, cartaz do filme

FICHA TÉCNICA:

Gênero: Comédia, Drama
País: EUA
Duração: 1h59min
Direção: Mike Mills
Roteiro: Mike Mills
Elenco:  Annette Bening, Elle Fanning, Greta Gerwig, Billy Crudup, Lucas Jade Zumann, Alison Elliott  e outros.
Data de Lançamento: 30 de março de 2017 (Brasil)
Censura: 14 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes

 

 


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