‘Frida’ tem uma boa história bibliográfica não muito bem contada


Frida, imagem do filme

Frida é um drama estadunidense de 2002 dirigido por Julie Taymor e baseado no livro homônimo de Hayden Herrera que retrata a vida da pintora mexicana Frida Kahlo.

A protagonista interpretada por Salma Hayek, no auge de sua beleza e talento, tem aqui sua melhor atuação sem sombra de dúvidas, sendo indicada ao Oscar de Melhor Atriz, só perdendo para atuação de Nicole Kidman em As Horas, filme indicado em outras cinco categorias no mesmo ano.

O elenco ainda conta com nomes importantes como Antonio Banderas, Diego Luna, Ashley Judd, Edward Norton, Geoffrey Rush e Alfred Molina, que por sinal tem uma atuação memorável como Diego Rivera. Aliás, os personagens são tão fortes e complexos que por si só garantem uma boa história, mesmo que esta não seja lá muito bem contada, pois em um momento do filme fica a sensação que a obra  era mais sobre Diego Rivera do que a própria pintora.

Com uma montagem deliciosamente forte, inovadora e colorida, Julie Taymor tem o grande mérito de mostrar a alma sofrida de Frida Kahlo por meio de seus quadros.

Ela ressalta o caráter autobiográfico dos retratos surrealistas da artista mostrando, ainda que com superficialidade, como a dor e a tragédia a perseguiram por toda a vida: na infância, a poliomielite lhe deixou uma das pernas mais curta; na adolescência, um acidente com o bonde que a trazia de volta da escola rendeu fraturas na bacia, meses prostrada na cama e uma série de cirurgias ortopédicas mal sucedidas. A vida adulta lhe reservaria outras desgraças, mas ela não se deixaria abater.

Ousada e talentosíssima, esta filha de um imigrante alemão com uma mexicana católica e tradicional decidiu transpor toda e qualquer barreira que a ela se apresentasse. Uma mulher à frente de seu tempo, extraordinária eu diria, o filme mostra bem seu lado humano, sua entrega incondicional as pessoas que amava. Contudo, definitivamente essa não deve ser sua única referência sobre Frida Kahlo.

Apesar de ser mostrada toda a consciência política de Kahlo, que era uma comunista convicta, o grande foco da obra se encontra nas relações amorosas da pintora – com Diego Rivera, Leon Trotsky e algumas mulheres – e como elas influenciaram a sua arte. Aliás, mesmo com toda romantização, focando em demasiado na história de amor entre Diego e Frida, ficou bem claro o quão abusivo era esse relacionamento.

Toda essa atmosfera é temperada pela excelente fotografia de Rodrigo Prieto que coloca cores vivas em cena, com o objetivo de nos fazer ver que o que Frida mais possuía era uma vontade imensa de viver.

+++ Leia na coluna VI E RECOMENDO a crítica de ‘Maudie, Sua Vida e Sua Arte’, de Aisling Walsh

Uma obra visualmente bela, com cenários, figurino, trilha sonora, e fotografia perfeitos. Uma boa historia contada sem muita profundidade ou compromisso com a verdade e que, apesar disso, vale a pena a pipoca e o tempo investido, afinal Frida é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores e mais conhecidos ícones inspiracionais do mundo, principalmente para as mulheres.


Frida, poster do filme

FICHA TÉCNICA:

Gênero: Biografia, Drama, Romance
País: EUA
Duração: 2h03min
Direção: Julie Taymor
Roteiro: Clancy Sigal, Diane Lake, Gregory Nava e Anna Thomas, baseado no livro de Hayden Herrera
Elenco:  Salma Hayek, Alfred Molina, Geoffrey Rush, Diego Luna, Ashley Judd, Antonio Banderas, Mia Maestro  e outros.
Data de Lançamento: 04 de abril de 2003 (Brasil)
Censura: 14 anos
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes

 

 


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