DOIS IRMÃOS | Onward (2020)


Dois Irmãos, imagem do filme

“Dois Irmãos é uma história engraçada e encantadora de amor fraterno”

O cinema há anos vem contando as mesmas histórias. O que diferencia é a forma como são contadas, o uso de técnicas cinematográficas que engrandecem ou reduzem a narrativa, ou até mesmo a criação de novos mundos. Isso não quer dizer que por se utilizar de fórmulas prontas de sucesso o material que chega aos cinemas não apresente qualidade, muito pelo contrário. A trilogia Star Wars, Rocky, o Lutador, O Senhor dos Anéis, Clube da Luta e Matrix (talvez o que mais se utilizou de referências para sua narrativa), são exemplos que utilizaram dessa narrativa.

A Pixar Animation se popularizou com filmes que além de trazer um apelo emocional fortíssimo, sempre contando boas histórias, sabe utilizar de forma quase perfeita de uma dessas narrativas, a tão conhecida Jornada do Herói. Filmes como Procurando Nemo, Valente, Up – Altas Aventuras, e mais recentemente Dois Irmãos, no original Onward (tradução péssima), trazem personagens que não pertencem ao Status Quo e são jogados numa jornada de descoberta de seu lugar no mundo que os cerca.

Primeiro longa original desde Viva, A Vida é uma Festa (2018), o longa conta com direção de Dan Scanlon, do bom Universidade Monstros e abusa das narrativas características da Jornada do herói.

Dois Irmãos, imagem do filme

O filme tem início com a narração em off, que parece ser o pai dos dois irmãos, explicando que costumava haver magia neste mundo, mas o surgimento da tecnologia acabou tornando a vida desses seres mais fáceis, por oferecer uma praticidade que a magia não lhes permitia, apesar dos anos de treinamento. Com o avanço dessa tecnologia, as pessoas acabaram por abandonar a magia, por considerarem ultrapassada, fazendo que esta simplesmente desaparecesse.

Ian e Barley Lightfoot são irmãos elfos em um mundo semelhante ao nosso, mas habitado por criaturas fantásticas como centauros, unicórnios, faunos e todos seres fantásticos possíveis. Tom Holland interpreta o tímido e magro Ian, que estava no ventre de sua mãe quando seu pai morreu; ele espera que ao completar dezesseis anos faça com que se inspire a fazer amigos e arriscar. Para isso, Ian tem uma lista de objetivos para que tudo aconteça.

Chris Pratt interpreta o grande e barulhento irmão Barley (num personagem que parece ter sido criado para Jack Black, devido a semelhança nos trejeitos), que ainda mora em casa com sua mãe. Ele é fissurado em um jogo de RPG no estilo Dungeons & Dragons e dirige uma van retrô com um unicórnio estampado na lateral. Apesar de suas diferenças inerentes (ou talvez por causa delas), os irmãos têm uma química agradável entre si. Barley é um conhecedor dos caminhos do jogo de RPG, que tem como base histórias sobre magia de tempos antigos.

Depois de um acontecimento na escola, Ian chega em sua casa frustrado, e em uma conversa franca com a mãe descobre que o pai deixou um presente para ele e o irmão, o qual só deve ser aberto quando Ian completar dezesseis anos. Ele recebe um cajado e um feitiço. O feitiço deve trazer o pai de volta à vida por um dia. Depois de várias tentativas os irmão conseguem conjurar o feitiço, mas nem tudo sai como esperado. A partir daí, eles embarcam em uma missão para completar o feitiço.

Com uma ambientação fantástica, o filme retrata dois momentos: os tempos antigos, cheios de seres fantásticos, lutas entre feiticeiros e dragões, sereias que nadam belamente em seus lagos/rios, unicórnios voadores, elfos fadas, ciclopes com seus cajados, montanhas enfeitiçadas, uma infinidade de referências. Sempre utilizando de planos abertos para representar a imensidão daquele mundo e época.

No presente, sereias tomam banho em banheiras plásticas, que mal as cabem, há fadas que não conseguem voar, mesmo tendo asas, unicórnios que lutam pelo lixo feito guaxinins raivosos. Uma assustadora Manticora administra um restaurante temático e se preocupa com ações judiciais. Uma mãe solteira é uma poderosa guerreira – de acordo com o treino que assiste na TV. E os elfos (Ian e sua família) são vistos com sua pele azul celeste, e são muito parecidos com os humanos. No presente são usados planos fechados para representar aquele ambiente sem força, sem alma e de certa forma aprisionador. As lembranças dos tempos antigos são poucas, como por exemplo os textos em uma caixa de leite com letras de escritos medievais.

Ian e Barley, embarcam numa viagem de descoberta do que realmente importa nas relações familiares. Mesmo Ian tendo uma ideia pré-concebida de Barley, por este não se adequar aos costumes da sociedade vigente, o que justamente o torna um personagem extraordinário, por nutrir enorme respeito pelos povos e tradições antigas, carregando consigo uma força interior e uma segurança enorme. Em contrapartida, Ian com sua insegurança latente vai amadurecendo durante o andamento da história. Deixando de ser aquele adolescente tímido, cuja representação no tipo físico magro, sempre quer passar desapercebido.

Dois Irmãos, imagem do filme

É incrível a capacidade que as animações atuais conseguem de demonstrar os sentimentos dos personagens. O olhar tímido e inseguro de Ian vai mudando à medida que sua jornada vai evoluindo. É de impressionar a forma como ele se sente desconfortável em conversar com adolescentes de sua idade, demostrando uma suadeira excessiva, (sim, isso é perceptível pela Tv) e o olhar e corpo como se o mesmo não quisesse estar naquele ambiente. Barley, mesmo se mostrando um personagem forte e decidido, se sente desconfortável pela forma como as pessoas, incluindo seus familiares, o enxergam, não reconhecendo seu real valor.

Dois Irmãos é mais um exemplo de como a Disney Pixar, pensa seus projetos. Seus filmes são no mínimo bons, o que não é o caso aqui, sendo um belo exemplar da empresa. O filme foi muito prejudicado por estrear no Brasil justamente no início da pandemia, fato que fez com que poucas pessoas pudessem conferir na tela grande, encontrando lugar nos serviços de Streaming.

A história de irmãos/ amigos que precisam sair em uma jornada para descobrir seu lugar no mundo e enxergar sua relação de carinho e afeto já foi contada várias vezes no cinema. Já a vimos nos filmes como Rain Man, O Cadillac Azul, Thelma e Louise e, para citar um mais recente, Viagem a Darjeeling de Wes Anderson. Mas  essa seja a primeira vez que vemos dois irmãos Elfos num mundo de fantasia com “Um Morto Muito Louco” numa van retrô!

NOTA: 8.0


NOTA DOS REDATORES:

EDUARDO SALVALAIO: –
EDUARDO JULIANO: –
LUCIANO FERREIRA: –
MARCELLO ALMEIDA: –
MÉDIA: 8,0


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Dois Irmãos, poster do filme

:: FICHA TÉCNICA:

Gênero: Animação, Aventura, Comédia
País: EUA
Duração: 1h42min
Direção: Dan Scanlon
Roteiro: Dan Scanlon, Jason Headley e Keith Bunin
Elenco:  Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, Octavia Spencer, Mel Rodriguez e outros.
Data de Lançamento: 05 de março de 2020 (Brasil)
Censura: Livre
Avaliações: IMDB | Rotten Tomatoes

 

 


:: Assista ao trailer do filme:


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