‘O Silêncio’ traz poucos atrativos para os amantes do bom Cinema


Mais uma das grandes apostas da Netflix, O Silêncio é o tipo de filme que começa com o espectador já se questionando quem sobreviverá, sobre as cenas e sustos que o espera pela frente, e até mesmo sobre o final, que muitas vezes é aceitável ou não. Sim, o filme da provedora de streaming se alimenta por completo de vários clichês do cinema. Quando uma produção sabe se valer de grandes ideias do passado e do gênero, quando a reciclagem é bem reaproveitada, o espectador sai agraciado. Não é o caso de O Silêncio, que acaba se tornando um longa supérfluo e com pouquíssimas cenas memoráveis.

Fácil se pensar em outros dois filmes que estão no catálogo da Netflix com temática semelhante, Bird Box (2018) e Um Lugar Silencioso (2018): a atmosfera de caos e destruição causada por um inimigo desconhecido e poderoso, a corrida pela sobrevivência humana, a busca por lugares e abrigos. Mas é do segundo que “O Silêncio” tem maior influência. As criaturas são cegas e se orientam por sons, o único jeito de evitá-las é fazer o maior silêncio possível. O que muda aqui é que a película de John R. Leonetti mostra logo as temíveis criaturas ao espectador, faz questão de expor a voracidade e o ataque delas, enquanto Um Lugar Silencioso revela tudo próximo do final, assumindo um clima maior de suspense e curiosidade, prendendo a atenção do espectador.

Apesar do que costumamos ver na maioria dos filmes com passagens caóticas onde famílias são repletas de conflitos, aqui funciona um pouco ao contrário. A adolescente Ally, apesar de surda, tem boas relações com sua famílIa, inclusive com seu pai, Hugh (Stanley Tucci), que é capaz de fazer tudo pela segurança da filha.

Os dois personagens principais são vividos por um veterano do cinema (Stanley Tucci) e uma jovem atriz em ascensão (Kiernan Shipka). Tucci como o pai superprotetor não está num de seus melhores papéis, por culpa do roteiro. Shipka é uma atriz que começa a galgar os degraus da fama e aos poucos sai da sombra da garotinha que ficou conhecida pelo seriado Mad Men. Sua personagem convence pela simplicidade e pela aceitação de sua condição física. Mostra-se madura e responsável demais pelos eventos que ocorrem. São esses dois personagens que rendem alguns poucos momentos de tensão do filme, como na cena em que ambos precisam buscar antibióticos pela cidade devastada (tendo uma cena criativa na loja). Infelizmente, o roteiro não explora bastante a união e inteligência de pai e filha para criar mais suspense e fugir da obviedade.

+++ Leia a crítica de ‘Bird Box’, de Susanne Bier

Um tanto pela falta de ideias, o longa acaba explorando outro tipo de “inimigo”. Não revelado aqui para fugir de spoilers, mas que com certeza o típico espectador de filmes do gênero qual é. A partir daí, a trama descamba para a violência banal e gratuita, numa cena que resulta forjada demais e que deveria ter maior impacto na película, terminando desperdiçada e com uma solução rápida e não convincente.

O filme termina com um tom menos amargo e de esperança se considerarmos as produções desse gênero, mas abre brechas para uma sequência. Caso isso aconteça, é preciso melhorar muito.


FICHA TÉCNICA:
Gênero: Horror, Thriller
Duração: 1:30 min
Direção: John R. Leonetti
Roteiro: Carey Van Dyke e Shane Van Dyke (baseado no romance homônimo de Tim Lebbon)
Elenco: Stanley Tucci, Kiernan Shipka, Miranda Otto, Kate Trotter, John Corbett, Billy MacLellan e outros
Data de Lançamento: 10 de Abril de 2019 (USA)
Censura: 13 anos
IMDB: The Silence
NETFLIX: The Silence

 


 

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