DEATH CAB FOR CUTIE – Thank You for Today (2018)


“Ben Gibbard ratifica sua posição como elemento central do DCFC em seu álbum mais melódico”

Um passeio pela discografia da banda americana Death Cab For Cutie revelará o quão diversas podem ser as direções para onde sua música aponta. Essa diversidade acontece também dentro dos próprios álbuns, e denota a capacidade dos músicos em matizar os arranjos, sendo Ben Gibbard seu artífice mor, principalmente após a saída do guitarrista e compositor Chris Walla em 2014, pouco antes do lançamento do álbum “Kitsungi” (2015).

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Pode ser coincidência, mas “Thank You for Today” é justamente o álbum mais melódico e acessível do DCFC, também o de acenos mais declarados ao pop, algo ensaiado em seu antecessor, mas levado ao seu máximo aqui, atente por exemplo aos dedilhados viciantes de “Summer Years”, das melhores do álbum.

É uma opção que não chega a assustar de todo se lembrarmos que a ruptura com sua sonoridade mais voltada ao “indie rock”, de ênfase nas guitarras, já havia sido deixada pra trás lá em “Plans” (2005). Pra se ter uma ideia, exclua a voz de Gibbard em algumas canções e não conheceremos a banda que toca.

Conclusão óbvia e agora mais fortalecida com ajuda de Chris Walla: Gibbard é o Death Cab for Cutie.

Ainda que os arranjos dirijam-se por nuances diferentes, seguem exortando a melancolia. E ainda que Gibbard o faça com uma linguagem nas letras que se distancia de vinte anos atrás, a entonação característica do vocalista parece sempre querer pontuar o sentimento.

Até mesmo quando uma canção como “Gold Rush”, que abandona o modelo Death Cab de ser (a faixa usa a mesma levada de “Mind Train”, de Yoko Ono), Gibbard trata de fazer digressões sobre Seattle e suas recordações ligadas à geografia local, que vai sucumbindo às mudanças impostas pelo progresso, pelo crescimento, processo conhecido como gentrificação. Já “Your Hurricane” e “Autumn Love” são típicas canções do DCFC.

Musicalmente é um álbum que carrega um punhado de influências oitentistas difusas mas ainda assim identificáveis, pode ser algo que remete a New Order, a U2 ou até mesmo a Bowie, seja em “When We Drive”, “Northern Lights” ou “Near Far”. As referências não batem de pronto em sua cara, mas acaricia seus ouvidos e suas memórias.

A presença dos tecladistas/guitarristas Dave Depper e Zac Rae explica bastante da recorrência das teclas ao longo do disco, esparramando-se em diversas canções, mas sendo mais que coadjuvante em faixas como “You Moved Away” e “When We Drive”.

Com um formato clássico de dez faixas, Gibbard apresenta um álbum que se acomoda tranquilo na estante dos álbuns do DCFC, sem contundência, sem estardalhaço, sem grandes pretensões, apenas apresentando um leque de boas canções que não desmerece a carreira da banda e agradará aos fãs não ortodoxos.

:: NOTA: 7,6

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:: FAIXAS:
01. I Dreamt We Spoke Again 03:04
02. Summer Years 04:28
03. Gold Rush 04:00 (vídeo abaixo)
04. Your Hurricane 03:18
05. When We Drive 03:49
06. Autumn Love 04:18
07. Northern Lights 03:56
08. You Moved Away 03:49
09. Near/Far 03:41
10. 60 & Punk 04:05

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:: Assista abaixo o vídeo de “Gold Rush”:

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