JAMES – Living In Extraordinary Times (2018)


“Banda inglesa ultrapassa os 30 anos de carreira com um novo álbum cheio de vitalidade e com mais canções grudentas”

James é uma banda de Manchester com uma longa história. E, ao contrário do que muitos pensam, não se aproveitou apenas do movimento Britpop para fazer disso sua alavanca para o sucesso e permanência. Apesar de não serem tão lembrados quando se discute sobre a história do cenário musical inglês, o grupo se manteve no tempo, criou seu público fiel e emplacou hits até hoje atemporais como ‘Laid’, ‘Sometimes’, ‘Born And Frustration’ e ‘Sit Down’. Claro que, como toda banda que passa de décadas de existência, James teve seus momentos bons e ruins, passou por mudanças, ficou inativo por uns anos. Normal como citei em outras resenhas e isso acaba funcionando no amadurecimento e criatividade do grupo.

James nunca prezou por uma mudança radical na sonoridade. De qualquer forma, isso de forma alguma rebaixou a discografia da banda, que tem mais álbuns regulares/bons do que ruins. Sempre seguem uma mesma linha e por vezes parece que nem saíram dos 80’s/90’s. Claro que a banda, mesmo dentro de um padrão típico do pop-rock, engloba mais com a tecnologia atual e nunca deixa de colocar, em doses corretas, outros instrumentos como sintetizadores, pianos e sopros.

Entretanto, existem características que permaneceram fortes, enraizadas: o poder do refrão ganchudo (‘Many Faces’), a canção que poderia se tornar o hino de uma geração (‘Hank’), a capacidade de continuar criando possíveis hits (‘Leviathan’), a voz de Tim Booth que acabou virando uma das marcas mais incisivas do grupo.

‘Living In Extraordinary Times’ é um disco alegre, bem ágil, a banda não perde o fôlego e muito menos deixa que o ouvinte recupere o seu. As canções são encorpadas, e a banda se preocupa em deixar a guitarra, baixo e bateria bem realçados, em destaque a todo instante  como em ‘Pictures Of This Place’, ‘Heads’ e ‘Better Than That’,  que passam até uma sensação de pós-punk. Poucos momentos são calmos, a exemplo da balada ‘Hope To Sleep’, que recebe um tratamento mais acústico. O grupo usa letras despojadas e por vezes debochadas. Sem firulas, não tem medo de falar da vida, do mundo, do ser humano, de política ou até mesmo do sexo (como na faixa ‘Extraordinary Times’).

A versão Deluxe do álbum vem com quatro faixas demos. Mesmo assim, são canções que não deveriam ficar de fora, estão no mesmo nível das outras 12 canções do disco. Isso vem provar que a banda está criativa e se dá ao direito até de excluir músicas, ou então, quem sabe, deixar tudo para um trabalho posterior de mesmo peso. Torcemos que sim, que o James continue por mais um bom tempo e que nos venha com mais dias extraordinários.

:: NOTA: 7,8

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:: FAIXAS:
01 – Hank
02 – Coming Home (Pt. 2)
03 – Leviathan
04 – Heads
05 – Many Faces
06 – How Hard The Day
07 – Extraordinary Times
08 – Picture Of This Place
09 – Hope To Sleep
10 – Better Than That
11 – Mask
12 – What’s It All About

:: Mais Informações:
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:: Assista abaixo ao vídeo de ‘Coming Home (Pt. 2)’:

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