MOBY – Everything Was Beautiful, And Nothing Hurt (2018)


“Músico lança trabalho com arranjos convincentes, destacando vocais femininos e expondo suas ideias ao máximo”

Não sou um fã supremo de Moby, tenho até algumas lacunas em sua discografia (álbuns que fiquei de ouvir, mas acabei não fazendo). Entretanto, existe três discos de sua carreira fundamentais para qualquer ouvinte, e são exatamente da fase 1995-1999: ‘Everything Is Wrong’ (1995), ‘Animal Rights’ (1996) e ‘Play’ (1999). Não que a fase pós 2000 deixe de ser interessante, contudo foram estes trabalhos que mostraram Moby ao mundo, sua versatilidade em relação ao casamento da eletrônica com gêneros como rock e blues, por exemplo.

De 2000 em diante, com uma aparição maior na internet, que passa a ser mais reconhecido também por sua personalidade e vida pessoal. Moby é multi-instrumentista (toca baixo, guitarra e teclado), DJ e fotógrafo. Porém, foi sua atitude de se tornar vegano e por sua participação massiva em prol de campanhas a favor dos direitos animais que o tornaram ainda mais notório e sempre lembrado. Lógico que o ouvinte já percebia essa faceta panfletária, crítica e conscientizada dos problemas mundiais e da ideologia vegana desde o início de carreira.

O décimo quinto trabalho de estúdio de Moby consiste num compêndio musical onde suas ideias e pensamentos da vida atual se refletem plenamente nas faixas, até mais do que os discos anteriores.

Basta pegar o título do álbum – uma referência à frase escrita no epitáfio do personagem Billy Pilgrim no livro ‘Slaughterhouse-Five’ (1969) do escritor americano Kurt Vonnegut – e da maioria das canções para sentirmos como o músico expõe suas letras e toca na ferida ao citar um mundo problemático, fraturado e fragmentado. A letra chocante de ‘Welcome To hard Times’ não deixa de ser verdade, embora muitos não concordem. O músico é realista, pé no chão, sabe das mazelas e deficiências de nossa sociedade, tendo isso como base constrói um disco equilibrado entre letras com fundamento e um instrumental de requinte, com direito a pianos marcantes que abrem canções como ‘A Dark Cloud Is Coming’ e ‘The Ceremony Of Innocence’.

Temos aqui, um trabalho menos dançante, com uma roupagem bastante orgânica, faixas bem intimistas, um clima até mesmo lembrando o Gospel e para possíveis reflexões (lembrei de como achava importante comprar um álbum que trazia encarte com as letras. Sempre gostei de acompanhar letra e música). Apesar da batida eletrônica, em algumas faixas ela está bem discreta e Moby opta pela valorização dos vocais e de instrumentos como violinos entre as batidas (‘The Tired And The Hurt’).

Moby também gosta de convidar cantoras espetaculares para cantar em faixas de seus álbuns, fato já notório em sua carreira, e aqui também acontece. Para esse disco, cinco cantoras foram convidadas, dando um suporte extra para os vocais femininos que dominam e dão o charme maior a canções como ‘The Waste Of Suns’ (vocais de Mindy Jones) e ‘Like A Motherless Child’ (vocais de Rachel Rodriguez). Moby une arte com a realidade mundial, não é soberbo por conta disso, e compõe um disco que mantém a integridade do seu trabalho e lhe dá mais experiência na carreira. A outra função da música, nos conscientizar e fazer pensar, nunca esteve em tão boas mãos.

:: NOTA: 7,8

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:: FAIXAS:
01 – Mere Anarchy
02 – The Waste of Suns
03 – Like A Motherless Child
04 – The Last Of Goodbyes
05 – The Ceremony Of Innocence
06 – The Tired And The Hurt
07 – Welcome To Hard Times
08 – The Sorrow Tree
09 – Falling Rain And Light
10 – The Middle Is Gone
11 – The Wild Darkness
12 – A Dark Cloud Is Coming

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:: Assista abaixo ao vídeo de ‘Like A Motherless Child’:

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