‘Hellblade: Senua’s Sacrifice’ oferece experiência inesquecível


Sempre tive a opinião de que é nos primeiros minutos de um jogo que percebemos se seguiremos adiante ou não nele. Mesmo que a infortuna decepção venha no futuro, é quase certo que o começo diga tudo sobre ele, entregue pistas preciosas. Uma frase de efeito, a cena gravada na memória, um flashback da história ou mesmo o personagem cativante que vai nos entregar todo seu sofrimento ou sua aventura. Claro que estou tratando, principalmente, dos jogos que trazem a fundo a psicologia e a filosofia, personagens com traumas, questões que sempre abordam a humanidade.

Dessa forma, não consegui mais largar o controle do mais recente jogo da empresa britânica Ninja Theory. Nos instantes em que a personagem sai de seu barco e entra numa jornada perigosa em terra firme, enigmática e cheia de reflexões (momento esse que o jogador ainda não é nocauteado pelo que aguarda), sabia que não teria mais volta. Difícil um jogo que começa cheio de frases que abordam até o jogador, inebriado de um clima misterioso, com um personagem obstinado em sua busca, não conquistar o jogador.

‘Hellblade: Senua’s Sacrifice’ é uma viagem que estraçalha a mente (no melhor dos sentidos).

Não somente os belos gráficos que permeiam o jogo. As visões da nossa personagem, as vozes/sussurros que ecoam no cenário, as paisagens sombrias, tudo deixa o jogador também atônito, quase um cúmplice da história. Os puzzles serão baseados nisso, de uma forma inteligentíssima. Apesar do jogo exigir mais que sejamos espectadores, inimigos não vem à exaustão, espere por bons momentos de ação. E aqui, vale o jogador saber se esquivar e usar os golpes certos. Os inimigos demoram a aparecer, e já na primeira cena que eles surgem, ficamos chocados de como isso tudo afeta nossa personagem.

Outro fator que faz de ‘H:SS’ um jogo inesquecível é a utilização de recursos que geralmente não funcionam bem em alguns jogos, embaçam demais. A escuridão, por exemplo. Constante pesadelo para Senua, mas que só vem dar brilho à jogatina, criando a tensão necessária. Aqui, não estamos tratando da questão do survival horror, mas sim, da claustrofobia, do passado e dos remorsos da personagem. Durante o jogo, serão encontradas pedras que contarão um pouco da mitologia nórdica, que considero outro atrativo da trama e que se encaixa na proposta da mesma.

+++ Leia a resenha de ‘Indiecalypse’, da JanduSoft

Mais adiante, com umas duas horas de jogo, entenderemos o que realmente acontece. O que não pode ser contado aqui, pois eu mesmo fui jogar sem saber o que esperava. Seremos tentados a jogar tudo novamente para então entender o porquê da mecânica de alguns puzzles, a aflição de Senua e qual o sentido de toda essa jornada. Para quem comprou a versão digital do jogo (não sei quanto à física), tire um tempo para ver os comentários dos produtores do jogo, o carinho e o cuidado em trazer um tema tão delicado (na parte dos extras). Confesso que vale muito a pena. Um dos melhores jogos dessa geração que, na verdade, é uma jornada além do coração e da compreensão humana.

 

 

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