SPARKS – HIPPOPOTAMUS (2017)


‘Mantendo a tradição e as características da sonoridade do Sparks, os irmãos Mael não se preocupam com o peso da idade e elaboram um novo trabalho com qualidades’.

São quase 50 anos de carreira. Quem comanda o Sparks são os irmãos Mael: o vocalista Russell (68 anos) e o pianista/tecladista Ron (72 anos). Sparks passou por tudo: a psicodelia/o experimentalismo dos 70’s, a New Wave/cena eletrônica dos 80’s e também se encaixaram perfeitamente nos anos 2000 com um álbum bem produzido que trouxe o duo novamente em destaque, ‘Hello Young Lovers’ (2006). Sempre se adequando às décadas, com uma discografia acima da média e sendo uma das referências para as bandas atuais, tanto que foram convidados até pelo Franz Ferdinand e fizeram um projeto paralelo denominado FFS (leia a resenha aqui).

Vigésimo terceiro álbum de estúdio, ‘Hippopotamus’ dá continuidade ao trabalho que o Sparks perpetuou: canções irreverentes que unem a inteligência com o humor, trazendo uma sonoridade que engloba honky-tonk pianos, os vocais acrobáticos de Russell, partes com guitarras pesadas e baladas teatrais, isso tudo numa produção apurada com a tecnologia a serviço da música. Sparks toma vários gêneros sem deixar algum definido, tudo se estilhaça ao longo das 15 faixas que acabam não cansando o ouvinte.

‘What The Hell Is It This Time?’ seria para provar que o casamento do punk com o neo-classical funciona? ‘I Wish You Were Fun’ é um exemplo fiel que reminiscências da era disco caem bem hoje em dia? Quantas bandas conseguem mesclar um vaudeville para os padrões da música eletrônica atual, como no caso de ‘When You’re a French Director’? Sim, o duo faz isso bem, dando até a chance ao ouvinte de repetir o disco e tentar encaixar tudo de novo ou decifrar outros gêneros num inacabado e sempre envolvente quebra-cabeça.

Não podemos nos esquecer das letras. Entrelaçando a irreverência, o lúdico e até mesmo a ironia, as letras trazem um charme a mais. ‘Hippopotamus’ cita o pintor holandês Bosch e também o livro ‘Titus Andronicus’ de William Shakespeare, tudo em prol de uma melodia hipnotizante (‘Oompa Loompa’ do filme ‘A Fantástica Fábrica de Chocolates’ serviu de inspiração ao duo?). Menos efusiva e com certo clima de melancolia, ‘Edith Piaf (Said it Better than Me)’ é uma homenagem à cantora francesa, onde a dupla fala sobre a efêmera carreira dela. ‘Life With My Macbeth’ fecha o disco corretamente num momento mais ópera, a participação da cantora americana Rebecca Sjöwall, num convincente dueto com Russell. Nada mal para uma dupla que nunca teve vergonha de misturar gêneros, de ousar ou inventar, que pode abrir um disco com rock para fechar com ópera.

Nota: 8,0

Faixas
01 – Probably Nothing
02 – Missionary Position
03 – Edith Piaf (Said It Better Than Me)
04 – Scandinavian Design
05 – Giddy Giddy
06 – What the Hell Is It This Time?
07 – Unaware
08 – Hippopotamus
09 – Bummer
10 – I Wish You Were Fun
11 – So Tell Me Mrs. Lincoln Aside From That How Was the Play?
12 – When You’re a French Director
13 – Amazing Mr. Repeat
14 – A Little Bit Like Fun
15 – Life With the Macbeths

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O vídeo de ‘Hippopotamus’

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