Em disco de retorno, Slowdive mantém os elementos característicos de sua música


A lembrança maior que tenho dos ingleses do Slowdive é de quando fui apresentado à banda por um amigo. Ele retornando de São Paulo em 1993, com muitas novidades musicais em K-7’s (na época então, nosso modo de guardar e conhecer música). Quando ele deu play na fita, perguntou o que eu sentia ao ouvir os minutos iniciais de ‘Alison’. Disse que parecia estar mergulhando numa dimensão incalculável do espaço, que me sentia despencando de algum lugar não me importando com isso ou então, que parecia estar submergido em alguma coisa que não sabia explicar e que dela não pretendia sair. Essa foi a mesma sensação dele. Copiar a fita foi o meu primeiro ato e em seguida investigar sobre o grupo.

Claro que muitos não gostaram do que veio depois, algumas críticas em torno de Pygmalion (1995), a banda foi perdendo integrantes e terminou. Veio o Mojave 3 com alguns membros do Slowdive e trazendo uma sonoridade mais voltada ao Folk. Não deixou de ser interessante, isso porque nós tínhamos músicos que realmente conheciam música.

O retorno, vinte e dois anos depois, mesmo com o peso da idade para os integrantes, não interfere no poder na criação de canções, em deixar transparecer que sim, o Slowdive merece o status de uma das bandas mais consagradas dentro do gênero Shoegaze.

Entretanto, o Slowdive sempre pareceu querer fugir do gênero ou do estereótipo Shoegaze, preferiu não ser uma banda orgulhosa do gênero e expandiu sua sonoridade pegando influências variadas de décadas anteriores (The Smiths é uma forte influência deles). Isso fica constatado na grudenta e melódica “Sugar For The Pill”, resvalando mais para o Pop-Rock, canção que com certeza estaria na programação das rádios FM’s. O mesmo vale para “No Longer Making Time” que é conduzida por um belo dedilhado de guitarras, mas explode com um refrão certeiro envolto em guitarras mais raivosas.

+++ Leia na coluna DISCOS E CAPAS sobre a capa de ‘Slowdive’, do Slowdive

“Falling Ashes” tem uma atmosfera serena, guitarras praticamente apagadas e a sonoridade dá ênfase para o piano e os vocais. O jeito Slowdive de criar composições climáticas/etéreas sem muito esforço. O mergulhar numa imensidão que havia citado no início do texto. “Star Roving” é, talvez, a mais Shoegaze do disco, guitarras mais furiosas e vocais sussurrados. Os vocais de Neil Halstead e Rachel Goswell, uma das características mais fortes dos ingleses, continuam em perfeita sintonia (“Slomo”).


Slowdive, Slowdive 2017

 

FAIXAS:

01 Slomo
02 Star Roving
03 Don’t Know Why
04 Sugar for the Pill
05 Everyone Knows
06 No Longer Making Time
07 Go Get It
08 Falling Ashes

 

 

 


 

 

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