The Durutti Column não decepciona em ‘Love in the Time of Recession’



Vini Reilly mantêm-se prolífico como nunca em seu The Durutti Column, lançando um álbum (às vezes dois) por ano. Dessa vez, ele apresenta “Love in the Time of Recession”, seu enésimo álbum de carreira, inspirado pelo título do romance “Amor em Tempo de Cólera”, do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez.

Aos que desconhecem a história desse pouco comentado guitarrista e filho menos famoso da tão falada cidade inglesa de Manchester, há que se fazer um percurso de volta ao final dos anos 70 e início dos 80; ao início da cultuada gravadora Factory, capitaneada pelo visionário Tony Wilson, falecido em 2007; e no caminho se deparar com outros nomes como Joy Divison, Simply Red, New Order, Morrissey, o produtor Martin Hannet, ou o clube Hacienda.

Passados quase trinta anos desde o primeiro álbum, The Return of Durutti Column (1980), criado em parceria com Hannet, aqui está Vini, esse guitarrista anoréxico, deprimido, que tem aversão a entrevistas, que não gosta de cantar, que afirma não gostar de seus álbuns, mas que extrai de sua guitarra, tocada de forma única, bonitas melodias envoltas numa espiral de melancolia.

“Todas as novas canções são uma verdadeira reflexão sobre minha vida”, declara o guitarrista sobre o novo álbum. Há homenagem ao amigo empresário Tony Wilson, na faixa de abertura “In Memory of Anthony”; ao percussionista e amigo de longa data Bruce Mitchel, em “For Bruce” e à namorada Poppy Morgan, em “My Poppy”. Inclusive ela co-escreveu diversas faixas do albume tocou piano, é uma das pessoas que aparecem na capa junto a Bruce Mitchell (percussão), Mark Broscombe, o próprio Vini Reilly, Tim Thomas (produtor), Keir Stewart (tecladista e produtor) e Laurie Laptop (produtor). “Sem a ajuda deles eu não teria sido capaz de levar adiante”, afirma Vini.

Comparado com alguns de seus trabalhos mais recentes, é um álbum com menos ênfase em elementos eletrônicos, principalmente os samples e loops, e tendência para os momentos intimistas, onde a guitarra e o piano dão a tônica das canções. É interessante a disposição de Vini para colocar sua voz em quase todas as onze canções (quatorze da versão japonesa), até mesmo em “More Rainbows”, uma faixa eminentemente instrumental, com um clima de Ambient-Music que dispensa vocais.

+++ Leia a crítica de ‘A Paean to Wilson’, do The Durutti Column

“I’m Alive” (com uma linha de baixo profunda) remete, por instantes, a momentos de LC, um dos melhores trabalhos de Vini, juntamente com “For Bruce” e “Paintings”, dois momentos de extrema fragilidade e beleza do álbum. Se tem uma direção para qual Love in Times of Recession aponta é para os primeiros trabalhos do DC, e isso aumenta a sensação de nostalgia, vide os dedilhados de “Lock-Down”.

Beleza. Beleza em forma de música. É isso o que Love in the Time of Recession tem a oferecer. É isso o que sempre se espera de um álbum do The Durutti Column. Vini não decepciona.

The Durutti Column - Love in the Time of Recession

The-Durutti-Column-Live-in-the-Time-of-Recession
1. In Memory of Anthony
2. Rant
3. More Rainbows
4. I’m Alive
5. For Bruce
6. Paintings
7. Wild Beast Tamed
8. Rainbow Maker
9. My Poppy
10. Loser
11. Lock-Down

 

Previous The Police: O Pop, a World Music e o Jazz no derradeiro 'Synchronicity'
Next 'Ballad of the Broken Seas' é parceria inusitada entre Mark Lanegan e Isobel Campbell

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *