Segundo álbum do Silversun Pickups, ‘Swoon’ segue caminho errático


Foto da banda Silversun Pickups para resenha do álbum "Swoon", de 2009

Há três anos atrás, em seu álbum de estreia o quarteto californiano Silversun Pickups apresentou seu rock vigoroso, incisivo, com uma urgência que não se via há tempos. Remetia aos anos noventa, mostrava influências de bandas consagradas na trilha do barulho como Sonic Youth e Smashing Pumpkins. Alcançaram certo sucesso: faixa em jogos de videogame, apresentação no Jools Holand, e muitos shows. Normal então a expectativa para seu segundo disco, trauma para muitos.

De cara dá pra dizer que “Swoon” não começa bem. Em “There’s No Secrets This Year” parece que estamos a ouvir uma versão de alguma canção da banda de Billy Corgan fase “Gish”, e isso não é bom. O que antes era influência beira a “chupação”, as quebradas de andamento, o peso da bateria, algo não convence. Vá lá que não há nada na sonoridade do grupo que já não tenha sido explorado antes, conhecemos e reconhecemos todos os elementos de sua música em outras bandas, em outros álbuns que ouvimos há cerca de dez ou doze anos, mas é interessante quando uma banda nova pega essas influências e coloca um pouco de frescor, uma linguagem para a época atual.

Essa qualidade que era tão perceptível em “Carnavas” (2006) foi perdida em “Swoon”. Enquanto “The Royal We” soa como Idlewild, “Growing Old is Getting Old”, uma das melhores canções que você ouvirá em 2009, acaba “embaçada” pela enorme semelhança com qualquer coisa dos escandinavos do Mew.

É difícil não se sentir contagiado pela energia dos Silversun Pickups: a cozinha é matadora, as guitarras são altíssimas e encorpadas, e o teclado está lá preenchendo os poucos espaços vazios.

A mistura de barulho e melodia é a combinação que insiste por todo álbum, e os vocais de Brian Aubert não dão folga. “Panic Switch”, escolhida para ser o carro chefe do álbum, condensa tudo que foi dito no início desse parágrafo, é uma canção poderosa e traz à tona aquela banda que conquistou uma legião de náufragos dos Pumpkins em 2006, um refrão para ser gritado a plenos pulmões. “Sort of” pode ser considerada sua irmã gêmea.

Corroborando a afirmação do vocalista de que o álbum teria dois lados antagônicos, o barulhento e o delicado, a climática “Draining” é um exemplo, tem uma melodia bonita, linha de baixo hipnotizante e camadas viajantes de teclado, um momento relaxante nos alicerces de guitarras em que o disco se sustenta. “Catch & Release” é a outra pausa nos mísseis sonoros, abre espaço para um bonito arranjo de cordas.

+++ Leia a crítica de ‘Snowflake Midnight’, do Mercury Rev

Aí você se pega pensando que nesse álbum a banda consegue se sair melhor nos momentos mais calmos, pois quando parte para os momentos mais esporrentos acaba trazendo à tona um pastiche de Smashing Pumpkins, que soa como um retrocesso.


Capa do álbum "Swon" da banda Silversun Pickups

FAIXAS:
01. There’s No Secrets This Year
02. The Royal We
03. Growing Old Is Getting Old
04. It’s Nice to Know You Work Alone
05. Panic Switch
06. Draining
07. Sort Of
08. Substitution
09. Catch and Release
10. Surrounded

 

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