‘Stranger Things’ convence em vários aspectos, incluindo a nostalgia dos 80’s


Enquanto séries como Black Mirror e Mr. Robot chegaram abastecendo a vontade do espectador que esperava alguma série mostrando a ligação do homem com a tecnologia e a modernidade, Stranger Things traz um ar de mistério num cenário totalmente ambientado nos 80’s. Explicando melhor, a série criada pelos irmãos Duffer (Matt e Ross) é praticamente uma carta de amor ou uma ode aos 80’s, uma década querida e até hoje reverenciada na música e no cinema.

Quem passou pela década, vai se sentir em casa com ótimas e inúmeras referências, que vão do formato da abertura chegando até aos vários easter eggs que serão encontrados: os Caça-Fantasmas, Garotos Perdidos, Goonies, máquinas de fliperama como Dig Dug e Dragon’s Lair, o modo de vida da época, fitas K7 e VHS. Poderíamos fazer um texto à parte só para citar essas homenagens ou referências.

Pra começar, difícil não haver uma aproximação súbita com o quarteto de crianças do filme. Dustin (Gaten Matarazzo), Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin) e Will (Noah Schnapp). Típica amizade vista em produções como Conta Comigo (1986), Os Goonies (1985) e It (1990). Claro, escolha certeira do elenco mirim e da marca que eles deixam logo nos primeiros episódios. Citando o elenco, também acontece o resgate de outros grandes nomes do passado como Winona Ryder (que andava um tanto sumida do cinema) e de Sean Astin (que fez parte do elenco no filme ‘Os Goonies’ e que aparece na segunda temporada).

Outro trunfo é a flutuação de gêneros. Situar um gênero específico e preciso, apesar do seriado ser mais conhecido como terror e sci-fi, é tarefa ineficaz. Entretanto, a dosagem de gêneros pode ser encontrada nas cenas que se passarão nos episódios. O humor inteligente e sutil nas brincadeiras e nos planos das crianças (trazendo o próprio clima das comédias estudantis e descontraídas dos 80’s). Existe um leve drama quando a série retrata a questão de pais separados ou mesmo os conflitos entre pais e filhos.

As cenas envolvendo a enigmática personagem Eleven (Millie Bobby Brown) também são carregadas de drama e descrevem uma garota especial tentando se adaptar a um mundo bem estranho a ela, sem conhecer o paradeiro de sua verdadeira mãe. De uma forma suave e não exagerada, há também crítica ao bullying existente nas escolas.

De um projeto a principio simples, sem muito orçamento, Stranger Things ganhou força nas redes sociais, foi contagiando, se espalhando. Virou febre repentina. Apesar da sinopse simples e carregando até certo déjà-vu (menino desaparece em pequena cidade americana sem deixar vestígios), a série dos irmãos Duffer engrena como um todo em vários aspectos convincentes.

Dentro do Sci-Fi, aquelas questões que sempre rondaram o gênero: criaturas de laboratório, cientistas, acontecimentos estranhos, mundo alternativo e desaparecimento de pessoas. Porém como tudo se processa e como vai surgindo na trama é que importa, causando no espectador não uma revelação imediata, mas sim, busca por pistas. O terror aqui também poupa a carnificina gratuita aos nossos olhos, tudo está bastante ligado ao sentir susto em detalhes clássicos como o possível monstro à espreita, a rua escura e deserta, o ambiente com pouca iluminação, visões estranhas e até mesmo elementos como a ligação inesperada de telefone e o piscar de luzes não ficaram esquecidos.

Para completar a série, é preciso ressaltar ainda os efeitos especiais que funcionam certo sem roubar o brilho do elenco. A fotografia e a iluminação igualmente ajudam como elementos essenciais para o mistério que envolve a cidade de Hawkins. A época também foi bem reproduzida, todo um trabalho minucioso de estudo dos costumes e da cultura 80’s.

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Feita nos dias atuais, com um olhar para o passado, colocando a tona temas como medo, amizade e ciência lado a lado, a série promete mais temporadas. Claro, só depende agora dos criadores/produtores em manter a qualidade do que começaram, é preciso que tudo vá mais além do que foi o aceso hype. Como espectadores e fãs do cinema que precisa dar certo, muitos aguardam por isso. Por enquanto, a magia está no ar. Sinta-se feliz em ficar em frente da telinha.

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